ou um bom exemplo de que se pode fazer alguma coisa (grandes coisas, às vezes) indo além da habitual e lamurienta "crise". Crise de vontades, talvez...
terça-feira, 31 de julho de 2007
Francisco José Viegas
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Cristina Gomes da Silva
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Etiquetas: Vontade
Michelangelo Antonioni
Canto trigésimo quinto
Água, fogo e depois cinza
os ossos dentro da cinza,
o ar treme em redor da Terra.
(...)
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Cristina Gomes da Silva
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segunda-feira, 30 de julho de 2007
Ingmar Bergman
Hoje, todos os morangos me pareceram silvestres.
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Cristina Gomes da Silva
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Herberto Helder*
Há cidades cor de pérola onde as mulheres
existem velozmente. Onde
às vezes param, e são morosas
por dentro. Há cidades absolutas,
trabalhadas interiormente pelo pensamento
das mulheres.
Lugares límpidos e depois nocturnos,
vistos ao alto como um fogo antigo,
ou como um fogo juvenil.
Vistos fixamente abaixados nas águas
celestes.
Herberto Helder,Poesia Toda,Assírio & Alvim,1979
*Transcrito ao som de Danilo Perez, Alfonsina y el mar
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Cristina Gomes da Silva
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Homens tristes com música
Julgou, então, ter encontrado a chave para aquela indizível tristeza que o acompanhava havia já algum tempo. As músicas que ouvia ultimamente eram tristes, todas elas escolhidas por serem tristes. Sabendo-se tão permeável aos sons, não podia continuar naquele trilho lento e arrastado por muito mais tempo. Precisava de deixar sair aquele torpor provocado pela tristeza.
Procurou na estante dos CD's e encontrou-a, e foi a ouvir aquela voz sussurrada e quente que entrou na banheira:
April skies are in your eyes
Ella Fitzgerald
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Cristina Gomes da Silva
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Etiquetas: Homens tristes
domingo, 29 de julho de 2007
Dia de festa....
Sábado foi dia de festa... Não por virem cantores do mundo a Sines, e as ruas estarem cheias de gente, mas porque alguma dessas pessoas que ajudavam a encher as ruas de Sines, serem família e amigos.
Sábado foi dia de assar sardinhas e febras para 15 pessoas, dar uns mergulhos na piscina e por a conversa em dia com a mana velha (que não o é assim tanto!)
Sábado foi dia de levar a sobrinha, com quem andei ao colo há bem pouco tempo, ver e ouvir grupos que só ela conhece.
Sábado foi dia de tentar jantar em Sines e só conseguir comer umas bifanas servidas por uma linda menina, com sotaque de leste, cabelos loiros e uns lindos olhos...
Sábado... foi um grande dia!
(*) As casinhas ali em cima estavam no parque de merendas, em Santiago do Cacém, onde sábado passámos a tarde...
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João Torres
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22:51
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Ainda os livros*
"Cara CC,
Não sei se estou de acordo contigo (mas também já não é novidade). A escrita tem o seu lugar, a sua função, mas também tem, para mim, alguns limites: os limites da comunicação. Não há nunca um face a face entre quem escreve e quem lê, no mesmo acto de comunicar, tudo é sempre em diferido. Como sabes, apesar de o fazer, incomoda-me o processo virtual em que escrevemos. Prefiro incomparavelmente o calor de uma boa discussão e o som das vozes à frieza desta escrita/leitura à distância. Olhar-te nos olhos é diferente de escrever para que me leias, não sei onde nem quando. É este desconforto que nomeio de cada vez que nos interrogo por aqui. Acho-a incompleta, esta relação inodora e sem contornos que por aqui vamos estabelecendo, compreendes-me? E, olha, o que descobri ontem, apesar de já ter sido escrito há algum tempo – George Steiner, O Silêncio dos livros, Gradiva, 2007:
“A escrita constitui um arquipélago na imensidade oceânica da oralidade humana. (…) Milhares de anos antes do processo de desenvolvimento das formas escritas já se contavam histórias, já se transmitiam por via oral ensinamentos de carácter religioso e mágico, já se compunham e transmitiam fórmulas encantatórias de amor, ou então anátemas”. p.8
E, mais adiante, sobre a música: “Não existe neste planeta um único ser humano que não mantenha com a música um qualquer tipo de relação. A música, sob a forma do canto ou da execução instrumental, parece ser de facto universal. É a linguagem fundamental para comunicar sentimentos e significações. A maior parte das pessoas não lê livros. Porém, canta e dança” p.9
E, depois sobre as origens “(…) a nossa herança intelectual e ética, bem como a leitura que fazemos da nossa identidade e da morte, vêm-nos directamente de Sócrates e de Jesus de Nazaré. Nenhum deles, contudo, fez questão de ser autor e muito menos de ser publicado” p. 9
Repara que ele fala de herança intelectual e ética, mas, e as outras, as dos sentidos, as dos sentires?
Atenta bem agora, "(…) Sócrates não escreveu nem ditou. São profundos os motivos que explicam esta questão. O confronto olhos nos olhos e a comunicação oral em espaços públicos são razões essenciais. (…) Em Sócrates, o pensamento, mesmo o mais abstracto, e a alegoria, mesmo a mais impenetrável, supõem a experiência vivida, irredutível a toda e qualquer textualidade muda.” pp. 9-11
Que fique claro que não advogo qualquer retorno às origens, serei eternamente dependente da escrita e…dos livros, mas prefiro de longe a (con)versa, as vozes nas conversas, os olhares e os corpos.
E para acabar por hoje, porque está muito calor e os sentidos andam à solta, não quero correr o risco porque “O escrito apodera-se dos sentidos” p.14
Abraços cheios de calor,
*Escrito ao som de Miles Davis.
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Cristina Gomes da Silva
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sábado, 28 de julho de 2007
Ler
Três homens idosos discutem pausadamente, fazem uma espécie de crítica literária oral. Trocam pontos de vista, preferências e gostos. Um deles é o dono, o outro um empregado e o terceiro um cliente respeitado e habitué.
Este último levanta-se e pega num livro, mira-o e exclama "Philip Roth, é um judeu americano, ganhou um Pulitzer e parece que se prepara para ganhar um Nobel (ou Nóbel, como diz o nosso Saramago). Nunca li nada dele, mas olhe vou levá-lo também. Sabe, há algumas lacunas que gostava de eliminar antes que tudo se acabe, é que já são 93 e meio e um olho a menos, mas quando acabar acabou. Hoje está muito calor, ainda pensei ir às Amoreiras mas, agora que já tenho companhia, vou para casa e já não saio". Disse tudo assim de rajada, pagou e saiu apoiado numa elegante bengala de madeira cor de mel.
Chega a minha vez, mas não há o que procuro. O dono, solícito, mostra-me as novidades e dá-me conselhos: "Já leu este? É extraordinário. Leia e depois diga-me se gostou". Trata-se de Selma Lagerlöf e da Maravilhosa viagem de Nils Holgersson através da Suécia. Trouxe-o comigo e parece-me que peguei num pedaço de história muito particular (como pode ser qualquer livro). Há dias ao (re)ler o Futuro está aberto, um conjunto de entrevistas feitas a Karl Popper e Konrad Lorenz, tinha encontrado o seguinte "(...) Quanto a Selma Lagerlöf, Karl já disse de forma mais agradável que fomos ambos influenciados por ela, apenas com a diferença de que ele se apaixonou pela Selma Lagerlöf... e eu pelos gansos selvagens", in O futuro está aberto, Editorial Fragmentos, 1990, p.19
Hei-de voltar, depois de ter lido, para cumprir a minha parte do acordo.
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sexta-feira, 27 de julho de 2007
Decantar a vida
Por aqueles dias sentia-se cansada, não que o trabalho a torturasse muito ou as crianças se impusessem mais do que o habitual, mas sentia um cansaço ancestral, sem origem nem destino. Amando a vida sentia um inexplicável cansaço de existir. O mar, a praia eram por vezes um escape. Mas, ultimamente essa longínqua linha do horizonte, na praia, não chegava para o seu desejo de evasão. Condensava as ideias, acumulava-as até ao dia em que sabia certa a implosão. Imaginava-se numa vida sem grandes raízes e mais como uma árvore que ergue os ramos para o céu. Como um cipreste. Gostava da elegância dos ciprestes apesar da negativa conotação que muitos lhes atribuíam.
Tinha iniciado há algum tempo aquilo a que chamava “um trabalho de decantação da vida”. Os amigos riram-se quando lhes contou da tarefa empreendida. “Decantação da vida?" "Sim, senhores, um exercício doloroso mas inevitável e indispensável. Como um viajante que para seguir viagem tem de se despojar de tudo o que está a mais, de tudo o que pesa na bagagem. Reduzir a vida ao essencial, era isso decantar a vida.”
Sabia que às vezes até os afectos podiam fazer transtorno a quem empreendia tal viagem. Lembrava-se dos versos de Pessoa “o mesmo amor que tenham por nós quer-nos e oprime-nos”. Libertar-se então dos afectos. E depois? Que “alimento” teria? Com que ombros contaria? Que vozes a alentariam? Que olhares lhe devolveriam a sua imagem? Não podia fazer tal caminho sem regressar sempre que precisasse. Precisava muito de portos de chegada. Mas, e os outros, como faria com os outros? Os que tinham aprendido a confiar-se-lhe, os que precisavam dela para existir? Não, a decantação não podia passar por aí. Apetecia-lhe um período de retiro, de introspecção e renascimento de si. Imaginava os que entravam em mosteiros e faziam temporários votos de silêncio, meditação, reflexão, vidas simples, desornamentadas.
Sabia de que pais tinha nascido, em que terra tinha nascido, hora, dia e ano, mas o sentido da vida exigia mais do que simples informações grafadas numa certidão de nascimento. Que caminho e que projecto teria então para levar a cabo.
Às vezes era o desnorte. Não se reconhecia. Sempre tinha racionalizado tudo, etapa por etapa, sem ondas nem sobressaltos. Na aparência dura e racional, era todo um trabalho que lhe roubava energias, para conseguir proteger a sua verdadeira pele. Camadas e camadas de máscaras e aparências ditadas pelas circunstâncias escondiam a sua essência. Já nem sabia onde, nem como procurá-la. Pensava-se como uma duna no deserto, fustigada pelo vento. Aparentemente punha a descoberto a camada seguinte, mas havia sempre outra e outra. Era uma busca de si dolorosa e demorada e nem sempre gostava do que encontrava. Alheava-se do que a rodeava, deixava que o pensamento voasse para longe dali e sentia-se sempre estranha mesmo entre iguais. Sentia-se sempre a mais, deslocada, inconfessadamente perdida.
Talvez a decantação exigisse várias fases, muita paciência, muita atenção. Uma vida inteira. Rasgando-se por dentro continuava teimosamente a marcar encontro consigo própria perguntando-se se o mesmo aconteceria aos outros.
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Cristina Gomes da Silva
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Notícias do sul (III)....

À noite a Internet não funcionava aqui na varanda...
Fui mesmo enganado pelo mercador da praça...
Mas, hoje funciona, e já lhe perdoei...
Até porque é um mercador alentejano com cara de boa pessoa!
Lindos poemas que vão colocando por aqui as parceiras...
Até logo... se as tecnologias não voltarem a falhar!
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João Torres
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12:07
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"Bom e expressivo"
Acaba mal o teu verso,
mas fá-lo com um desígnio:
é um mal que não é mal,
é lutar contra o bonito.
Vai-me a essas rimas que
tão bem desfecham e que
são o pão de ló dos tolos
e torce-lhes o pescoço,
tal como o outro pedia
se fizesse à eloquência,
e se houver um vossa excelência
que grite: - Não é poesia!,
diz-lhe que não, que não é,
que é topada, lixa três,
serração, vidro moído,
papel que se rasga ou pe-
dra que rola na pedra...
Mas também da rima «em cheio»
poderás tirar partido,
que a regra é não haver regra,
a não ser a de cada um,
com sua rima, seu ritmo,
não fazer bom e bonito,
mas fazer bom e expressivo...
Morais Editora, Lisboa, 1962
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Cristina Gomes da Silva
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09:43
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Etiquetas: Sermos nós
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Quintas-feiras ao fim da tarde
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Cristina Gomes da Silva
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Etiquetas: cidade
Mais um Mário Benedetti
Mi táctica es
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Cristina Gomes da Silva
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Etiquetas: Poesia
minutos por onde a brisa chega...
É tão bom gostar, é tão bom existir. São minutos por onde a brisa chega no seu afago doce.
~CC~
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CCF
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quarta-feira, 25 de julho de 2007
Notícias do sul (II)....
Aqui estou outra vez, na varanda, e ler o que pouca mais gente lê... Embora poucos tenho a certeza que são bons e generosos porque até nos vão dando prémios (obrigado Teresa) e voltando para mais uns dedos de conversa.
As férias estão mesmo a chegar e é delas também que a Carla e a Cristina nos falam... Fico agradecido ao mercador da praça central que me vendeu caro um serviço que nem sempre funciona mas que, mesmo assim, me permite, à noite, passar por aqui.
Esta tarde comi um gelado, embora nem fosse de baunilha nem caseiro! Tive notícias de visitas de família para este fim-de-semana...
Amanhã rumo ainda mais a sul à procura de um dia cheio de aventuras com a pequenada...
Boa praia com ou sem bolas de berlim!
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João Torres
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23:25
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Etiquetas: Verão
Alentejo
Saí cedo rumo a Portalegre. A manhã estava fresca em Lisboa, uma frescura apaziguadora e convidativa a viagens. Ponte Vasco da Gama e a travessia sobre as águas. Quase bíblica. Bela esta Ponte. Abstracção feita ao que deixamos para trás. Não nos engrandece a densidade imobiliária e o frenesim especulativo.
Rapidamente entramos em paisagens menos densas, mais livres. Vemos as cegonhas, eternas e mágicas cegonhas. Rebanhos de cabras e ovelhas e manadas de vacas. As garças fazem-lhes companhia.
Antes de partir, ainda tive tempo de ler, num relance, o texto que Manuel Alegre escreve hoje no Público. Acho-o corajoso e, sobretudo, necessário. É importante não esquecer o que ele diz. Resta saber se o nível de consciência colectiva está receptivo a esta mensagem. Ele sabe do que fala e nós também. Tenho 43 anos e não vivi directamente os efeitos da Ditadura, do medo, da delação. Uma certeza: vivemos todos em diferido (33 anos depois) esses mesmos efeitos como se fosse uma segunda natureza. Regresso a José Gil*. Relê-lo nestes tempos será de grande utilidade.
A recusa teima, então, em instalar-se. O Alentejo é simbólico para mim. Palco de grandes resistências, de grandes recusas, de grandes enfrentamentos à Ditadura. Tudo se mistura num misto de ansiedade, perplexidade, recusa e profunda vontade de abanar os que se deixam embalar, ritmados por “choques tecnológicos”.
Fecho os olhos e chegam-me como néons as palavras de Alexandre O’Neill. Sarcásticas, certeiras. E com elas vos deixo:
“- Neste país em diminuitivo**…
- Respeitinho é que é preciso”
In, Poemas com endereço, Morais Editora, 1962
*Portugal hoje, o medo de existir.
**É mesmo assim que está grafado
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Etiquetas: Liberdade
Mamã dá licença?
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CCF
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segunda-feira, 23 de julho de 2007
Notícias do sul....
Aqui estou eu, ao fresco, na varanda, a mandar um postal do Alentejo que também tem mar...
Se isto se aguentar virei aqui para ler um pouco todos os dias... e continuar o meu curso de poesia (agora exclusivamente a distância)
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João Torres
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22:23
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Etiquetas: Verão
Chasser la haine
Un homme est mort
un homme est mort
en parler ne sert à rien
le crime ignore
tout du mal et tout du bien…
le monde dort
vaincu par la peur, la faim
un homme est mort
on l’enterrera demain…
un jeune homme, un enfant
couché pour toujours
les yeux fixes vers le ciel
hier encore vivant
fauché en plein jour
tué par la haine
tué par la haine…
des cris, des pleurs
des discours vite oubliés
comme les fleurs
qui vont bientôt se faner
sur la douleur
de toutes ces vies volées
de tous ces coeurs
que le destin a brisés…
ma petite ou mon grand
couchés à jamais
je voudrais tant croire au ciel
mon amie, mon amant
oh comme je voudrais
chasser la haine
chasser la haine
juste un homme, un enfant
j’appelle au secours
les yeux tournés vers le ciel
qu’il nous dise comment
retrouver l’amour
chasser la haine
chasser la haine
Françoise Hardy, Clair-Obscur, 2000
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Cristina Gomes da Silva
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21:46
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Apontamentos do tempo das uvas
1. Nestes últimos tempos tenho ocupado os meus dias a engavetar ideias passadas e a passar a limpo esboços projectados no futuro. Peças de puzzles que quero vir a construir. A minha (nossa) “casa virtual” não me tem visto muito. Entro e saio de mansinho, sem grande alarido. Busco um novo tempo para degustar prazeres antigos. Ler é um deles. Não falo das leituras obrigatórias que nos embrutecem com a sua esterilidade, falo das fecundas, das que nos lançam redes encantatórias, das que não nos dão son(h)os sossegados, das que nos fazem olhar a Lua (como agora estou a fazer, porque ela postou-se mesmo em frente da minha janela, acho que quer que a olhe, que a admire) e pensar se é mesmo verdade que nos faz amar e desamar de acordo com as suas forças. Para a minha mãe o meu mau humor sempre se deveu à Lua. Só não percebi a que fase.
Leio As mulheres do meu pai e gosto. Há um enredo de lugares e personagens feito, que me agrada. Estou quase no fim, mas voltei atrás para vos mostrar estes pedacinhos:
“A verdade é uma velha senhora chata, estúpida e inconveniente. Além de surda, surda não como as portas, que as há bastante atentas, e olha que não são poucas, mas como Deus, a quem todos suplicam e que não ouve ninguém.
(…) A verdade é um recurso de quem não tem imaginação (…) há verdades pérfidas e mentiras benévolas. A vida não é cinzenta nem cor-de-rosa. Depende das lentes com que olhamos para elas.” José Eduardo Agualusa, As mulheres do meu pai, D. Quixote, 2007, pp. 280-281
Sempre me ensinaram a dizer a verdade. Plana, sem artifícios. Cresci a interrogar os malefícios de algumas verdades e a sentir na pele os efeitos de as dizer. Mas, afinal, também cresci longe das mentiras que podem ser as fantasias, os artefactos, a imaginação. Interrogo hoje a educação que recebemos de verdades feitas para os outros.
2. A escola. Entrei nela aos seis anos e nunca mais de lá saí. Às vezes penso-me como um peixe num aquário que morreria se o pusessem num lago (triste, mas verdadeiro). Um universo permanente na sua força transformadora, mas que tem vindo a perder o encanto da Lua. O veredicto escolar esmaga os que não conseguem chegar à meta. Como se pudesse haver uma única! O fim do ano lectivo é sempre tempo de balanços e avaliações. É com algum desprazer que aqui chego. Acho que o valor de quem quer que seja não se esgota num número aposto numa pauta. Reflicto, então, sobre o que lhes fica, aos estudantes, ao fim de mais um ano, que pedaços de mim fizeram sentido para eles, que pedaços deles fizeram sentido para mim. O imenso prazer de partilhar o que julgo saber e de aprender o que eles tiverem para me ensinar, está muito além do que é visível. Como se fossem faróis apontados lá para longe. Um longe largo, feito dos caminhos possíveis. As suas vidas.
3. Comi hoje as primeiras uvas. Não me imagino a ter nascido fora d'A Minha estação preferida. Longe da força trazida pela terra na sua generosa dádiva estival. Não poderia ter nascido noutra, não teria sobrevivido.
Bom Verão a todos os que passarem por aqui e aos outros.
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Cristina Gomes da Silva
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Ainda os sonhos
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domingo, 22 de julho de 2007
mulheres-esperança
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Sonhos...
Há quem os persiga e realize, custe o que custar...
Há quem diga que temos sempre tudo para os realizar...
Há sonhos que não são, apenas parecem...
Há sonhos curtos, dos quais acordamos quando pensávamos estar apenas a adormecer.
Há sonhos que são só nossos...
Mas...
os melhores sonhos, curtos ou longos,
são sempre sonhados a dois!
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João Torres
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sexta-feira, 20 de julho de 2007
Guarda-rios e estuários (XI)
Esta conversa ocorreu cerca de três anos antes dos Homens Almar terem começado a adoecer por terem perdido o seu emprego de guarda rios, três anos antes do início da grande dispersão, de nos perdermos uns dos outros, ainda que a resistência à dissolução da nossa identidade tenha sido grande e durado pelo menos dois Outonos.
~CC~
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quinta-feira, 19 de julho de 2007
Guarda-rios e estuários (X)
Uma criança Almar é como qualquer outra rasgada pelo desejo de saber. A resposta da mulher velha não tinha saciado a menina. Ela indagava: diz-me, diz-me o que pode nascer destas sementes? E voz baixa, quase monocórdica: o que tu quiseres, o que tu quiseres, diz-me o que queres tu. E a criança sem compreender a pensar que aquilo que era um tesouro não podia ser o nada, tinha que ser o tudo. Concentrou-se na ideia tudo, no que podia significar tudo.
Uma semente devia dar origem a uma bananeira, porque a banana é como o pão a saciar a fome.
Uma semente devia ser uma faísca eterna, capaz de atear o lume em qualquer circunstância, mesmo quando a lenha respira chuva.
Uma semente devia ser uma isco que atraísse sempre os peixes mas que ao mesmo tempo nunca se gastasse, permitindo trazer para casa apenas os suficientes para que no mar ainda pudessem sobrar muitos.
Uma semente devia dar origem a uma árvore tão grande, tão forte e tão frondosa como um imbondeiro, uma árvore como uma casa ou uma casa árvore.
E a última semente, a última devia dar a flor de marucujá, uma flor capaz de durar sempre, uma flor sem morte.
A mulher velha escutou-a atentamente e disse apenas: a última, o que desejas que nasça a partir da última semente é muito difícil, quase impossível, mesmo em Almar. E continuou...
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CCF
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Etiquetas: Guarda-rios e estuários
Brinquedo esquecido....

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João Torres
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Desktop da Teresa Pombo
Um computador portátil a funcionar com tudo o que há de mais recente a nível de sistema operativo e programas da Microsoft.
Obrigado pela participação e um grande abraço
João
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Etiquetas: Como é o seu desktop?
quarta-feira, 18 de julho de 2007
santas confissões
Em Praga, na Ponte Carlos, as pessoas passam a sua mão pelas figuras de cobre debaixo da figura do Santo, tornando-as luzidias com esse gesto, acreditam que com isso se protegem contra o mau olhado, a calúnia e a inveja. Fiz o que as pessoas fazem sem pensar muito, deixei a mão seguir primeiro que a cabeça.
Tenho infinita curiosidade por gestos destes.
~CC~
* Obrigado Arthur
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terça-feira, 17 de julho de 2007
Excelentíssimos senhores aproveitem as férias!
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CCF
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Etiquetas: Política
segunda-feira, 16 de julho de 2007
homens voadores
Vejo os homens que vão buscar as estrelas nas noites grandes de Verão e depois as poisam sobre a pele das mulheres. E as estrelas fazem-nas brilhar no escuro. E elas brilham tanto que a própria lua se ofusca com a sua luz.
Vejo os homens com pensamentos voadores cujos pés mal tocam o chão e cujos abraços são doces como os dos anjos quando eles descem à terra.
Vejo que se estas imagens permanecessem no olhar, seria lugar de ficar.
~CC~
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CCF
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Desktop e foto da Helena...

Vinda de longe, esteve presente, aqui em Setúbal, no dia 3 de Março onde conheceu a 3za e a linha gráfica (vladstudio) que agora decora também o seu ambiente de trabalho.
Há uns anos era assim...
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João Torres
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Etiquetas: Como é o seu desktop?, Como era quando era criança?
domingo, 15 de julho de 2007
Lógicas...
Depois de quinze dias de praia, as meninas regressam a casa. O quarto foi remodelado, está mais espaçoso e com mais luz, agora têm um beliche. Dizem que lhes faz pensar em aventuras...
Com elas regressa um dos rituais preferidos: o pequeno-almoço à mesa, todos juntos, e as conversas de início de dia. Às vezes contam os sonhos que tiveram, outras relatam o que ficou por contar na noite anterior, outras ainda fazem projectos para o dia. Hoje foi assim:
B. (quase 10 anos): Mãe o que é que aconteceu, a mesa está mais baixa?
Mãe: O que aconteceu é que tu cresceste nestes quinze dias, mesmo sem teres dado por isso, e a mesa parece-te mais baixa.
B.: Cresci?!
C. (quase 4 anos): Sim mana, cresceste mas sem fazer anos. Percebeste?
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Cristina Gomes da Silva
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Etiquetas: Família
sábado, 14 de julho de 2007
E você, como era quando era criança? (VIII)
Finalmente outro menino....
Pelo olhar, percebemos que virá a ser um grande contador de histórias e passarada!
Já na altura, frequentava lugares à beira mar de onde se avistam imensas gaivotas.
Obrigado por participar e volte sempre!
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João Torres
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19:14
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Etiquetas: Como era quando era criança?
E você, como era quando era criança? (VII)
Outra menina...
Não se chama Teresa, mas é professora e tem também um blogue onde reflecte, e nos faz reflectir, sobre educação.
Quanto aos rapazes, parece que perderam todos as fotos da infância. Não se preocupem ainda têm tempo de as procurar e... estamos a reservar umas "quotas" para vocês.
Obrigado Padeia por participar
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João Torres
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Etiquetas: Como era quando era criança?
sexta-feira, 13 de julho de 2007
Guarda-rios e estuários (IX)
Esta tatuagem era feita no aniversário dos sete anos, um presente desejado como nenhum outro. E era aos sete por causa da palavra que estava dominada na oralidade e agora deixavam-nos partir para a escrita, a viagem da palavra escrita era a primeira para fora dos territórios da água. Por isso aos sete anos, em terra seca e na entrada para a escola onde nos misturariamos com todas as outras crianças, era necessário que a pirâmide nos brilhasse no escuro das salas de aula, que nos fizesse companhia. Ganhei o hábito de a esfregar nos momentos dificeís, mas não era um gesto só meu, vi-o noutras crianças Almar. Já adolescente pensei muitas vezes apagá-la, naquela idade em que só queremos ser diferentes de todos os legados que nos correm nas veias.
E quando esfregar a pirâmide não chega tento ver, com a mesma luz que vi pela primeira vez aos sete anos, o tesouro Almar. Eram apenas cinco sementes, cada uma diferente da outra. Uma era grande como um bolbo e outra tão pequena como uma semente de melancia. Eram lisas e rugosas, escuras e coloridas. Vejo-as dispostas diante de mim perante o sorriso da mulher velha. Vejo o meu espanto por pensar que dentro da caixa só podia haver ouro. E o atrevimento de lhe perguntar para que servia aquele presente, que importância tinha, afinal eram apenas cinco sementes numa caixa de madeira.
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CCF
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Etiquetas: Guarda-rios e estuários
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Desktop da 3za
Um, do portátil, com um fundo lindo...

Outro, da estação fixa, com uns ursos que se mantêm há vários anos....
São lindos 3za, não admira que sintas saudades cada vez que tentas a separação!
Obrigado pela partilha...
Beijos
João
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João Torres
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21:24
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Etiquetas: Como é o seu desktop?
E você, como era quando era criança? (VI)

Se seguirem o link vão poder ver as diferenças....
Esta menina, de 4 anos, hoje é uma "professora.... apaixonada pela profissão, pela vida... curiosa,orgulhosa,vaidosa também...".
Está diferente mas continua tão bonita como então!
Não tem passado muito por aqui, mas é com muito gosto que a recebemos....
Até porque, sabe imenso de blogues e de como os utilizar no ensino!
Muito obrigado pela partilha da foto!
Um grande abraço
João
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João Torres
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19:04
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E você, como era quando era criança? (V)
Agora, mais velha, escreve por vezes coisas que nos deixam a pensar e manda alguns recados num estilo muito próprio...
Eu adoro as suas histórias e espero que continue a partilhá-las por muito, muito mais tempo neste local.... e que um dia também possa vir a ter com ela uma amizade de 30 anos.
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João Torres
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12:19
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E você, como era quando era criança? (IV)

Aqui está a Madalena, "Na escola, pois claro!" que é lugar onde, ainda hoje, melhor se sente rodeada de meninos...
Neste caso ainda nem passaram 30 anos, apenas 20....
Lindo sorriso professora Madalena!
Um abraço
João
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João Torres
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10:17
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Desktop do Ozzy
Nesta imagem ficam claras as preferências musicais...
Sigam o link e podem ouvir um pouco da música que fazem!
Obrigado pela participação e volte sempre, agora que sabe o caminho!
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João Torres
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10:02
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quarta-feira, 11 de julho de 2007
Amizades de quase 30 anos

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CCF
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22:52
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E você, como era quando era criança? (III)

Tinha 3 anos quando tirou a foto...
Já na altura tinha ar de quem não teme aranhas e adora borboletas....
Além disso é uma das 4 ou 5 pessoas que costumam passar por aqui...
Alguém adivinha quem é?
Ps. Se ficou curioso(a), e não consegue adivinhar quem é, volte na sexta-feira... Prometemos colocar um link para o blogue desta menina... E... se tem algum interesse por educação, tecnologias ou poesia, o mais provável é conhecer ou então.... passar a frequentar!
Agora que já descobriram quem é (era muito fácil) passem pela teia e digam se não valeu a pena!
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João Torres
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21:10
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E você, como era quando era criança? (II)
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João Torres
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terça-feira, 10 de julho de 2007
E você, como era quando era criança?
Depois do estrondoso(*) sucesso do desafio dos desktops (que continua activo) lançamos mais um desafio...
Bem sabemos que publicar fotos de crianças na Internet pode ter os seus riscos, mas... se deixarmos passar uns anos (talvez mais de 30) os riscos tendem a diminuir e até a ser perto de zero! Assim, a ideia é mostrar uma foto dos tempos em que éramos crianças (só para os que já não são)... Já sabe, se quiser participar, envie a sua foto para ninguemle1@gmail.com com algumas indicações, como por exemplo a idade que tinha e o local onde foi tirada. Diga ainda se deseja que o/a identifiquemos (apenas com o nickname que utiliza na Internet) ou se esse segredo fica só entre nós! Colocaremos o endereço do blogue sobre a foto como forma de a inutilizar para qualquer outro fim.
Já agora... aceitam-se apostas para identificar quem figura na foto acima...
Bem sei que ninguém lê, mas se procurarem bem nas mensagens anteriores encontram facilmente a resposta!
(*) este estrondoso é mais referente à qualidade que à quantidade....
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João Torres
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13:58
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Cultura de supermercado (I)
Mas agora ando irritada. E finalmente alguém disse algo que encontra eco em mim. Cláudio Torres, em entrevista à revista Visão, disse o que eu penso: "eleição das novas 7 maravilhas do mundo é populismo barato, sem seriedade técnica ou científica". E fiquei contente por saber que a UNESCO se demarcou da iniciativa. Esta ilusão de que tudo se pode votar, desde os grandes portugueses até às sete maravilhas, não tem feito grande coisa pela cultura, pelo contrário, as coisas parecem mercadorias que se podem escolher como se estivessem na prateleira do supermercado.
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CCF
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09:20
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segunda-feira, 9 de julho de 2007
Para a C.
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Cristina Gomes da Silva
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18:06
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Hoje, por e para ti.
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CCF
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domingo, 8 de julho de 2007
400
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Cristina Gomes da Silva
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22:22
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Desktop do PB
O PB aceitou também o desafio e partilhou connosco o desktop que já tem há vários anos... Mesmo assim continua muito arrumado! Afinal ter desktops arrumados e com imagens lindas é possível!
Obrigado PB por participar e muitos parabéns pelo seu trabalho que fui espreitar a partir da ligação da assinatura do mail.
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João Torres
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19:21
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Esta rua é minha!
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CCF
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sábado, 7 de julho de 2007
Férias
Todos os dias ao princípio da noite relatam, ao telefone, as suas actividades estivais. É bom ouvi-las felizes por estarem na praia e por estarem com os avós. Eu não tive avós com quem pudesse estar, por isso, fico feliz por elas e com elas.
Quinze dias de quotidiano longe do nosso. À medida que o tempo passa instala-se um difuso sentimento de incompletude. O quarto vazio e arrumado todos os dias, o silêncio à mesa, a ausência de disputas para ver televisão ou por causa de um brinquedo ou de um livro.
Finalmente chega o fim-de-semana e tudo se reequilibra. Que bom estar com elas de novo. Que bom ouvi-las dizer que tiveram saudades. Que bom sentir de novo o seu cheiro e abraçá-las e beijá-las e olhá-las nos olhos num profundo e recíproco reconhecimento. Que bom existirmos assim.
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Cristina Gomes da Silva
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07:55
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sexta-feira, 6 de julho de 2007
Desktop do Jota
Este é do Jota e, como podem ver, está muito bem arrumado...
Contou-nos que o fundo vai variando conforme a sua disposição e que a foto actual é de Steven Cook (http://www.alternity.co.uk/index.html)
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João Torres
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13:33
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Releituras
Ainda era cedo, esta manhã, quando desci ao Chiado para tomar café. Não sei de que canto me soou a voz do Mário Viegas...
Rifão quotidiano
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
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Cristina Gomes da Silva
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12:36
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Desktop da Madalena....
A profissão fica evidente...
E o gosto com que a desempenha, na minha opinião, também...
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João Torres
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12:33
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Doce leitura
Quando no outono
Tonino Guerra, O Mel, Assírio e Alvim, 2003, p.57
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Cristina Gomes da Silva
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quinta-feira, 5 de julho de 2007
Leituras
5. As mulheres do meu pai - José Eduardo Agualusa, (D.Quixote, 2007) - Está escrito na contracapa que se trata de "um romance sobre mulheres e magia. Nestas páginas anuncia-se o renascimento de África, continente afectado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses antigos". É isto tudo, mas para mim está também a ser um desafio à discussão sobre o que é o amor e a fidelidade. O amor à beleza até se sucumbir de exausta paixão, pelas mulheres, pela música, pelo mundo. É a história de Faustino Manso e de uma das suas filhas que ele nunca conheceu, mas que teima em lhe seguir o rasto depois de morto. Um rasto que a leva até um passado fascinante e "faiscante". (Leitura em curso)
Da próxima vez propomos o alargamento da lista. Pode ser? Boas leituras.
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Cristina Gomes da Silva
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08:05
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quarta-feira, 4 de julho de 2007
"Rua da Judiaria"
Mais tarde, já no início da adolescência, período das nossas vidas que acompanha sempre o despertar para o mundo, soube da história da Europa e das sombras que a atravessaram naquela quase década entre 1939 e 1945 e lembro-me de me perguntar porque é que a minha mãe (católica mas sem muita convicção, e não me parece que fosse anti-semita), me mimaria com aquele epíteto. Afinal eles tinham sido perseguidos, tinham morrido, tinham sido vítimas e não carrascos e tudo aquilo tinha acontecido muito antes de eu nascer.
A escola democrática ajudou-me a rasgar horizontes e por ela fui descobrindo que, afinal, o povo judeu não tinha desaparecido da face da terra e que eu só conhecia uma parte da história.
O fio das descobertas foi-se desenrolando e, embora já não consiga (nem seja o meu propósito) desfiá-lo aqui, etapa por etapa, lembro-me que foi, primeiro através da televisão – com as séries sobre a Resistência (umas com mais humor, outras com menos) – depois do cinema – com Casablanca, Lili Marleen, O Porteiro da Noite, A Lista de Shindler, A Vida é Bela, só para nomear alguns – e mais tarde com os artistas, intelectuais e escritores – Catherine Clément (A Senhora), Richard Zimler, Amos Oz, Boris Cyrulnik, Arpad Szenes, Joshua Benoliel, Jorge Molder, Francisco José Viegas, Camilo Castelo Branco, Woody Allen, Lauren Bacall, Mel Brooks, Al Jolson, Simone Signoret, Jorge Luís Borges (só para citar alguns de memória) – que fui alargando o meu conhecimento sobre a questão judaica e ganhando a consciência de que ainda havia muito para saber.
Recentemente, levada pelos ventos da modernidade, dei comigo numa rua blogosférica e apeteceu-me passear por lá mais vezes para tentar saber mais.
Talvez um dia consiga compreender as razões da minha mãe…
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Cristina Gomes da Silva
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22:22
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terça-feira, 3 de julho de 2007
7 maravilhas da blogosfera
A 3za nomeou o nosso blogue. Muito obrigado, não sei é se merecemos!
Aqui ficam mais sete, por ordem alfabética...
ABSORTO
CAFÉ PRETO
DE RERUM NATURA
DOC LOG
O CONTADOR DE GAIVOTAS
ORSAI
VENTOS A MUDAR
O regulamento pode ser consultado fazendo clique na imagem e verifiquei agora que era só até 1 de Julho!
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João Torres
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15:37
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A brincadeira do João
Aí vai. Desde que não sirva para fazer extrapolações sobre o mau feitio ou as faces ocultas das personalidades dos "indígenas"...
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Cristina Gomes da Silva
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