quinta-feira, 5 de julho de 2007

Leituras


O desafio foi-nos lançado pelo Absorto e nós vamos tentar responder como podemos.
Cinco livros de que gostámos, de que estamos a gostar e que pensamos valer a pena sugerir. Mas é difícil escolher só cinco, ainda pensámos que como somos três poderíamos nomear quinze, mas isso talvez fosse batota...


1. Razão e Cultura - Ernest Gellner, (Teorema, 1992) - Um desafio divertido e sério de acutilante crítica, em que o autor tenta desmontar, como se fosse uma construção Lego, o edífico racionalista/positivista cujos alicerces foram lançados por Descartes. Neste livro ele questiona que a razão seja o exercício puro do pensamento individual, ao qual o indivíduo só chega se se libertar dos hábitos culturais do grupo, da comunidade, do colectivo, do peso da história. É esta uma das premissas Cartesianas que ele tenta elucidar contrariando-a. (Leitura em curso, para ver em que ficamos)

2. Le murmure des fantômes - Boris Cyrulnik, (Odile Jacob, 2003) - Li-o há uns anos por razões muito particulares da minha vida e dos que me rodeiam mais de perto e desde aí não consegui abandonar o trilho do trabalho deste autor. Neste livro ele conta-nos como "o fracasso do passado continua a murmurar na vida da criança que, entretanto tornada adulto, tece novos laços afectivos e sociais e como a apetência sexual na adolescência constitui um momento sensível na evolução do processo de reparação do Eu. Atitude nova face ao sofrimento psiquico, a resiliência propõe a construção desse processo de libertação". (Lido e relido algumas vezes)

3. O Teatro e o seu duplo - Antonin Artaud, (Fenda, 2006) - traduzido por Fiama Hasse Pais Brandão. Os males do mundo "lidos" por este louco visionário que de tão assertivo e lúcido ficou ainda mais louco. Quando a realidade se lhe tornou de tal modo pesada e insuportável pediu que o internassem numa "Casa Amarela". (Em processo de leitura alternada)

4. 90 e mais quatro poemas - Constantin Cavafy, (Centelha, 1986) - traduzido por Jorge de Sena. Um meu muito querido poeta grego. Este está na lista dos afectos e não sei muito bem falar dele, só senti-lo. Ele anda de mãos dadas com a Sofia. (Lido e relido nas horas mais escuras)

5. As mulheres do meu pai - José Eduardo Agualusa, (D.Quixote, 2007) - Está escrito na contracapa que se trata de "um romance sobre mulheres e magia. Nestas páginas anuncia-se o renascimento de África, continente afectado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses antigos". É isto tudo, mas para mim está também a ser um desafio à discussão sobre o que é o amor e a fidelidade. O amor à beleza até se sucumbir de exausta paixão, pelas mulheres, pela música, pelo mundo. É a história de Faustino Manso e de uma das suas filhas que ele nunca conheceu, mas que teima em lhe seguir o rasto depois de morto. Um rasto que a leva até um passado fascinante e "faiscante". (Leitura em curso)
Já está!

Da próxima vez propomos o alargamento da lista. Pode ser? Boas leituras.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Cristina

Fiquei interessadíssima pelo "Le Murmure des fantômes" de Boris Cyrulnik.
Porque digo muitas vezes, ainda ontem o escrevi a alguém, que em adultos, quando nos lembramos do passado o que sentimos é exactamente o que sentíramos enquanto crianças. Mas como isto é intuitivo, há argumentos que falham.

Obrigado

Cristina Gomes da Silva disse...

Olá Marta, leia que vale a pena.