segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Pessoas são um presente!

Não andava à procura de poemas, juro! Fui simplesmente ver as fotos do Fernando Pinho. Senti curiosidade em saber quem são os fotógrafos favoritos de um bom fotógrafo. Só podem ser bons fotógrafos também, pensei. Tentei a minha sorte com a Lena Queiroz e escolhi a foto que aqui reproduzo. Foi então que comecei a ler o comentário da autora e descobri o poema...

Não resisti a trazer para aqui, neste dia de presentes.

Obrigado Fernando, obrigado Lena.


Pessoas são um presente.
Algumas tem um embrulho bonito,
como os presentes de Natal, Páscoa ou festa de aniversário.
Outras vêm em embalagem comum.
E há as que ficaram machucadas no correio...
De vez em quando uma Registrada.
São os presentes valiosos.
Algumas pessoas trazem invólucros fáceis.
De outras, é dificílimo, quase impossível, tirar a embalagem.
É fita durex que não acaba mais...
Mas... a embalagem não é o presente.
E tantas pessoas se enganam, confundindo a embalagem com o presente.
Por que será que alguns presentes são complicados para a gente abrir?
Talvez porque dentro da bonita embalagem haja muito pouco valor.
E bastante vazio, bastante solidão. A decepção seria grande.
Também você amigo.
Também eu.
Somos um presente para os outros.
Você para mim, eu para você.
Triste se formos apenas um presente-embalagem:
muito bem empacotado e quase nada, lá dentro!
Quando existe verdadeiro encontro com alguém,
no diálogo, na abertura, na fraternidade,
deixamos de ser mera embalagem e passamos à categoria de reais presentes.
Nos verdadeiros encontros humanos,
acontecem coisas muito comoventes e essenciais:
mutuamente nós vamos desembrulhando, desempacotando, revelando...
Você já experimentou essa imensa alegria da vida?
A alegria profunda que nasce da alma,
quando duas pessoas se comunicam virando um presente uma para outra?
Conteúdo interno é segredo
para quem deseja tornar-se Presente aos irmãos de cada estrada
e não apenas embalagem...
Um presente assim não necessita de embalagem.
É a verdadeira alegria que a gente sente e não consegue descrever,
só nasce no verdadeiro encontro com alguém.
A gente abre, sente e agradece a Deus.


Pessoas que são um Presente
S. Sheider/H. Hartmann

sábado, 23 de dezembro de 2006

Desejos de Natal

Um lugar onde o sol possa entrar pleno e a todos aquecer. Onde o olhar possa saber a chocolate.
Onde a tua mão possa sempre chegar à minha. Onde a discordância seja a semente do crescer. Onde a poesia encontre uma casa. Onde o som das ondas se pode ouvir. Onde o futuro, ainda que às riscas negras tenha riscas azuis. Um lugar para estar. Assim um blogue que ninguém lê...

CC

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Você aprende!

Fui tomar a bica ao Café Preto e encontrei isto por lá! Se gostarem encontram lá também a transcrição do poema de William Shakespeare.



quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Boris Cyrulnik

"Si Boris Cyrulnik était un animal ce serait une abeille. Neurologie, psychanalyse, psychologie, bilogie, anatomie, sociologie, éthologie animale, philosophie ou esthétique: dans tous les domaines du savoir, il fait son miel", Nouvel Observateur, Outubro 2006
Tomei conhecimento das suas teorias há alguns anos. Foi quando precisei de me munir de algumas "armas" para fazer face a uma série de consequências desagradáveis de uma situação que eu não criei. Foi-me apresentado como um "teórico" que escrevia sobre a resiliência. Não sabia o que era mas explicaram-me que era uma expressão "roubada" à física dos materiais e que tinha a ver com a capacidade que alguns materiais têm para sofrer alterações, adaptando-se sem se destruirem. Diferente da resistência porque os materiais resilientes integram os factores de mudança. Aplicado aos humanos já estão aver o que dá: todos nós, dependendo das vivências de cada um e da forma como recebemos e integramos os embates da vida, somos mais ou menos resilientes. Recentemente, li uma longa entrevista que ele deu ao Nouvel Observateur, onde retoma as principais linhas das suas teorias. e onde ficamos a saber que ele próprio é um resiliente. Em 1944, tinha seis anos e estava na Sinagoga de Bordéus quando chegou um camião das tropas nazis para "recolher" os judeus. Desobedeceu às ordens e escondeu-se na casa-de-banho. Quando saiu, nenhum dos rostos que ele conhecia o esperava cá fora. Começou então um périplo, onde de cada etapa saía mais reforçado. O resto foi acontecendo e vale a pena ler a entrevista para percebermos melhor como se pode fazer da desventura um desafio de que, às vezes, podemos sair ganhadores. Retomo, para acabar, uma das frases retiradas da entrevista "
Face au malheur, un choix s'offre à nous. Ou bien nous retourner sur notre passé, et le sel des larmes alors nous pétrifie. Ou bien aller vers l'aventure de la vie". E nós, que temos nós andado a fazer da nossa capacidade de resiliência???

Plazza Mayor

Parei e olhei em volta. A pedra devolveu a luz com que eu a olhei olhando-me também. Vi-me por dentro e vi-o por dentro. A textura era veludo preto e o beijo quente salvava-me do frio.
Por todo o lado havia gente cruzando a praça e falando muito alto. Dizem que é Natal e eu acredito, acredito na festa e nesta festa que há hoje em volta de mim. Há momentos em que a tristeza não entra para cortar aqueles em que a tristeza me toma.
Deixo-me tocar por ti, pelo tempo, pela plazza.
E volto, ainda que ficando lá.
CC

domingo, 17 de dezembro de 2006

Interne, blogues jornais e plágio...

Soube, através do blogue de ecuaderno de José Luis Orihuela, de um caso de plágio muito recente em Espanha.
Resumindo a história, um polícia de 47 anos, que escreve uma coluna para um jornal local, encontra um texto de que gosta num blogue (Orsai) e publica-o como sendo seu, sem nunca referir onde o encontrou. O autor do texto original telefona-lhe e faz uma entrevista onde, entre outras coisas, lhe pede autorização para republicar o texto. Curioso é que a autorização é concedida pelo polícia que acha natural apoderar-se de textos e opiniões que encontra na Internet porque, e as palavras são suas, "No es robar... Internet creo que es un medio común, general, y si no viene identificado pues no se llamaría robo." De referir que o texto está publicado num blogue onde há uma ligação directa para informação sobre o autor.

Já agora, vale a pena ler o texto original, mesmo estando em castelhano (El nuevo paraíso de los tontos), uma vez que trata dos tontos na era digital! Penso que além de reflexão sobre os tontos da era digital faz falta também alguma reflexão sobre os chico-espertos da era digital!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

...Eça de Queiroz

...isto não é um país, é um sítio mal frequentado. Dizia ele no século XIX...

Há dias assim, em que nos sentimos vazios. Vazio de sentido o que fazemos, vazio de esperança aquilo em que acreditamos. Vazio só. E sinto assim o nosso país, vazio de sentido e de projecto, continuamente alimentado pela ignomínia e cada vez mais anestesiado. Não diria que é "urgente por um barco no mar" mas é de certeza urgente voltar a navegar por dentro de nós, por límpidas águas e claros pensamentos. Se olhasse para o rectângulo de fora, veria um sol esplendoroso que aquece praias sujas e homens tristes. Não posso deixar de ficar desapontada/revoltada ao ver pelas ruas da cidade os cartazes dos defensores do Não no próximo referendo sobre a IGV. Não posso deixar de me sentir invadida por uma insuportável tristeza nascida desta revolta contra a hipocrisia e a mediocridade. Seria bom que os "senhores" legisladores tivessem claro nas suas "pobres" cabeças que nenhuma mulher aborta porque quer, que o direito a melhores condições de vida é mesmo um direito. Efectivo e não só no papel. Que os nossos impostos devem servir para construir um país melhor, onde temos vontade de ficar e não de partir. Que o direito à saúde é efectivo e não só no papel. Que o direito à educação (também a sexual) é um direito efectivo e não só no papel. Que ninguém é livre se outro alguém o não é. Que a moral e os bons costumes já fizeram vítimas de sobra. Que a Igreja Católica também tem o seu altar de sacríficios bem ensanguentado em nome de coisa nenhuma. Que a alegria da vida é um bem incomensurável e que, por isso mesmo, temos o direito de decidir por ela, em consciência e com condições. Não pensem que esta nota triste vai assim até ao fim. Por mim, não posso deixar de me congratular por ter duas filhas fantásticas, desejadas e nascidas de vontades comuns.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Para que serve um blogue?

Para que serve um blogue?
Cada pessoa terá certamente uma resposta diferente. Conheço blogues de professores e de alunos muito interessantes; blogues de jornalistas que escrevem o que lhes apetece sem passar pelos crivos dos editores; blogues de soldados que contam notícias da guerra; blogues de adolescentes que contam os seus desabafos; blogues de poetas que publicam os seus poemas; blogues de fotógrafos que partilham as suas fotos, blogues de políticos que escrevem sobre as suas ideias, blogues cheios de humor de onde não saímos sem dar uma valente gargalhada; blogues de pessoas invisíveis que nem querem que se saiba quem são e até este, imagine, que ninguém lê!

Ando a ler um livro que se chama "Dernier courrier avant la nuit" do Sérge Réggiani. Esse livro é composto por cerca de 40 cartas que o autor dirige a outras tantas identidades. A maioria são dirigidas às pessoas que com ele se cruzaram, ao longo da vida. Outras ainda são dirigidas a lugares, como Paris ou Itália, e a última, que ainda não li, a ele próprio.
Muitos dos destinatários já não se encontravam vivos quando as cartas foram escritas. Há mesmo uma para o filho que se tinha suicidado há mais de uma década. Nem todas são palmadinhas nas costas ou apenas recordações de bons momentos. Li uma particularmente dura para um realizador que o dirigiu num dos seus filmes.

Réggiani, que foi actor, cantor e pintor, publicou este livro, no final da década de 90, para dizer a todos, antes de ele também partir, algumas coisas que não queria levar com ele.

A qualidade da maioria dos textos, desculpa Réggiani, nem é do melhor que já tenho lido (estando mesmo assim muito acima daquilo que eu conseguiria escrever) mas tenho a certeza que o livro não é um livro que ninguém lê e que muitos, como eu, sentem curiosidade pelo facto de admirarem o cantor, o actor ou o pintor e não resistem a comprar este livro.

Mas, se muitos blogues já se transformaram em livros, penso que este livro se transformaria num blogue! No fundo é um conjunto de textos que foram escritos principalmente pelo prazer da escrita, e pela partilha do que estava lá dentro atravessado.

Claro que os blogues servem para muito mais do que partilhar as palavras que temos atravesada. Mas, não foi assim que começaram? Dando a todos o direito à escrita das suas "cartas" e permitindo que os destinatários as viessem ler (ou não)! Esta tecnologia veio permitir que todos estes nossos "recados" fossem publicadas e estivessem acessíveis de uma forma muito simples e a um preço muito baixo. Claro que nem sempre se publicam textos de qualidade e nem sempre é feito o melhor aproveitamento deste recurso mas também é por isso que alguns blogues... ninguém lê!

E na opinião de todos aqueles que passam por aqui sem ler, para que serve um blogue?

Fez ontem um ano que me saí não só com vida mas absoltutamente inteira (pelo menos por fora)de um acidente grave de viação. O minuto do despiste e a morte à frente recordo com o desejo absoluto de vida que tive. Um desejo tão forte e tão intenso que talvez resida nele o facto de estar aqui a escrever neste blogue que ninguém lê(a não ser talvez a Claúdia). E enquanto pensava no sabor da minha vida - uma espécie de vida segunda- pensava também na banalidade com que as mortes acontecem assim de repente e às vezes tão estupidamente. Veja-se a fila de homens que aguardava por um emprego no Iraque e no fim dela o que os esperava era um bombista. Como podem os homens guardar bombas e explodi-las contra os seus?! E a forma como se varriam as ruas, acolhiam os feridos, se enterravam os mortos tinha a violência dos actos banais. Há qualquer de muito estranho no mundo, há qualquer coisa de absurdo, de doloroso, qualquer coisa que sei que por me doer nunca me deixará ser inteiramente feliz. Todas as semanas há estas bombas a explodir e a matar pessoas naquele lugar do mundo e a forma como isto é dito é de uma conformidade assustadora. Mais um atentado, mais uma bomba, mais um país sem rumo, mais vidas sem nada de seu.Pela minha vida que ainda amo tanto e pela vida daqueles que eu amo tanto, ainda me tocam as que se foram assim tão sem sentido.
CC

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Finochet

Cartoon de MacDonald encontrado em: infinit∞

Mais um blogue que ninguém lê!

Encontrei Mais outro blogue que ninguém lê.... Isso é bom, faz bem ao ego, uma vez que sabemos que há, pelo menos, mais um blogue que não é lido por ninguém! :-)

Da autora sabemos que se chama Cláudia, que vive na "Imbicta" e que entrou este ano para Ciências da Informação (seja lá isso o que for), parece ter um sentido de humor apurado a julgar pela carta aberta à SIC (que bem merecia ser lida!). Todas essas características coincidem com uma certa jovem da minha família que bem poderia ter herdado o sentido de humor da avó materna que mal conheceu!

Aqui fica a justificação da Cláudia para a abertura de um blogue que ninguém lê (e onde também há bastante tempo ninguém escreve) e a promessa de que, se voltar a escrever, terá pelo menos um leitor!

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Ninguém me pára!

Pois bem, este já é o meu quinquagésimo terceiro blogue e, mais uma vez, não será lido por ninguém. A caixa de comentários irá permanecer continuamente vazia: nem uma crítica!; nem sequer um insulto! O meu e-mail receberá apenas as repetitivas e irritantes mensagens do sapo e, mesmo assim, creio que em muito menor quantidade que o dos outros utilizadores. Não faz mal, já estou habituada. É sempre assim. Não se preocupem. A sério, eu fico bem...
Contudo, sabendo que será totalmente desprezado, ou pior, que ninguém dará pela sua presença, este blogue não deixa de ter uma intenção. Portanto, este não é mais um daqueles blogues vazios, sem assunto, k skrevem axim (Vá lá, é um bocadinho, até bastante. Mas quanto aos erros ortográficos garanto que é por pura ignorância e não por uma questão de estilo). Este blogue é ambicioso Este blog é persistente e resistente. Este blogue tem ideais e luta por eles. Este blogue tem um objectivo preciso e concreto e só existe para o cumprir. Esse objectivo é - adivinharam - dominar o mundo. Simplesmente isso.
Claro que o facto de não ter leitores dificulta muito a situação. Não tendo quem o leia, nenhuma editora o quererá publicar em livro. Sem ter a possibilidade de ser um bestseller, não será adaptado ao cinema. Ser um êxito de bilheteira torna-se, então, difícil... Bem, até aqui, a minha longa caminhada para a conquista do mundo parece parada. Mas não caiam em ilusões: ela está mesmo parada.
Todavia (linda palavra), como já disse anteriormente, este blogue existe, persiste e resiste, mesmo sem leitores. E vou, com toda a certeza dominar o mundo.
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Uma grande abraço para a Cláudia cheio de solidariedade de quem tão bem a compreende!


Ps. Desculpa ter roubado assim o teu texto mas.... aqui também não é lido por ninguém!

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Ainda Benedetti

Mario Benedetti escreveu-o a propósito da morte de Reagan, que não foi um ditador, foi só muito indecente. Uma amiga recuperou-o a propósito de Pinochet e eu não resisti em postá-lo aqui, para vocês. Mesmo para os relativistas...

Obituario con hurras
Vamos a festejarlo
vengan todos los inocentes
los damnificados
los que gritan de noche
los que sufren de día
los que sufren el cuerpo
los que alojan fantasmas
los que pisan descalzos
los que blasfeman y arden
los pobres congelados
los que quieren a alguien
los que nunca se olvidan
vamos a festejarlo
vengan todos
el crápula se ha muerto
se acabó el alma negra
el ladrón
el cochino
se acabó para siempre
hurra
que vengan todos
vamos a festejarlo
a no decir
la muerte
siempre lo borra todo
todo lo purifica
cualquier día
la muerte
no borra nada
quedan
siempre las cicatrices
hurra
murió el cretino
vamos a festejarlo
a no llorar de vicio
que lloren sus iguales
y se traguen sus lágrimas
se acabó el monstruo prócer
se acabó para siempre
vamos a festejarlo
a no ponernos tibios
a no creer que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festejarlo
a no volvernos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festejarlo
a no volvernos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto de mierda.
Mario Benedetti

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Pinochet morreu!

Mais um ditador que morreu. Mas este (como alguns outros) não chegou a expiar as mortes que provocou, não chegou a ser julgado. Baltazar Garzón, crente na justiça dos homens ainda tentou. Sem êxito. Rebusquei algumas palavras que nos fizessem recordar a crueldade, o autoritarismo, a violência sobre quem pensa diferente e encontrei estas de Sílvio Rodriguez

América, te hablo de Ernesto
Con una mano larga
para tocar las estrellas
y una presión de dios en la huella,
pasó por tu cintura,
por tu revés y derecho
el curador de hombres estrechos.
Preparando el milagro
de caminar sobre el agua
y el resto de los sueños
de las dolencias del alma,
vino a rajar la noche
un emisario del alba.
Y con voz tan perfecta
que no necesita oído
hizo un cantar que suena a estampido.
En todos los idiomas el emisario
va a verte:en todos los idiomas
hay muerte.
Aunque lo entierren hondo,
aunque le cambien la cara,
aunque hablen de esperanza
y brille la mascarada,
llegará su fantasma
bien retratado en las balas.
Sílvio Rodriguez

Viver entre eles...

A vida é difícil entre eles...são eminentemente, apaixonadamente, terrivelmente...servos da Língua Francesa. Servidão é talvez exagero, mas...pois, são os argumentos da complexidade. Hoje vou deixar-vos a simplicidade versão ccf, versão Walt Whitman, versão chapéu preto (ele usava sempre chapéu e ficava belo, muito belo...em novo mas sobretudo em velho).

A Clear Midnigt

This is thy hour o soul, thy free flight into wordless
Away from books, away from art, the day erased, the lesson
done
Thee fully forth emerging, silent, gazing, pondering the
themes thou lovest best
Night, sleep, death and the stars.
Walt Whitman

Dizem que como todos os poetas amou a liberdade mais que tudo e morreu pobre. Não sei se há universais mas se os há talvez este binómio seja um deles.
CCF

domingo, 10 de dezembro de 2006

Crescer, problemas, avaliação, lágrimas, crescer...

3za, desculpa pegar assim directamente no título do teu post, mas.... acabo de o ler e não resisti (a verdade é que me apetecia pegar no texto todo)!
Desde o momento que soube o que era um blogue, e que resolvi criar um -mesmo que ninguém o lesse- que soube que iriam ser um recurso precioso para a educação.
Este teu texto, esta tua partilha, mas também todos os blogues que tens feito com as tuas turmas, apenas confirmam o que era fácil adivinhar!
Os blogues podem estar ao serviço da educação de imensas maneiras... Esta tua partilha do que para ti é ensinar matemática merece estar disponível para todo o mundo, ainda bem que os blogues permitiram que o lesse poucos minutos depois de o escreveres....
Se por acaso passou por aqui....não vale a pena continuar a ler.... vá já ver a versão original lá no tempo de teia, e diga-me se tinha ou não razão?

Obrigado Teresa!

sábado, 9 de dezembro de 2006

Edublogs Awards

O blogue Have Fun with English! 2 da colega Teresa D' Eça , professora de Inglês na Escola de Sto. António - Parede e autora do livro "O e-mail na sala de aula", foi nomeado, na categoria Best Teacher Blog 2006, pela equipa do Edublogs Awards .

Trata-se de um concurso que se ganha por votação on-line. Quantos mais votos, maior a possibilidade de ganhar.

Podem ver aqui: http://incsub.org/awards/2006/nominations-for-best-teacher-blog-2006/ , os blogues nomeados nesta categoria e aqui: http://www.surveymonkey.com/s.asp?u=162453000229 votar, até 16 de Dezembro, num deles.

Eu votei no da Teresa :-), não só por ser o único português nessa categoria, mas sobretudo por reconhecer o trabalho que esta professora tem feito, com as tecnologias no ensino, ao longo dos últimos anos.

Parabéns Teresa pela nomeação!

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Visitas à capital....

Ontem acabaram as minhas idas à capital às quintas-feiras ao fim-da-tarde. Eu que deveria ir lá para ensinar acabei por -como de costume- aprender imenso. Conheci cerca de 20 pessoas cheias de entusiasmo, de ideias e muita, muita vontade de aprender! Agora que tudo acabou, pelo menos oficialmente, não posso deixar de sentir uma certa nostalgia por se terem acabado estas 5ªs cheias de chuva e de vento.

Muito obrigado a todo(a)s, sobretudo pelas palavras generosas que me foram dizendo. Até sempre porque, tenho a certeza, nos cruzaremos mais vezes!

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Atrás da porta...

Queria abrir uma porta e tu entravas mas não vias tudo o que estava atrás dela. É que atrás da porta estão os meus defeitos todos reunidos num único que é enorme e me incomoda sem me incomodar realmente. Não tenho ordem, nem arrumação, nem tino no mundo, nem razão. Como um papagaio de papel era capaz de me deixar ir seguindo os rumos do vento, não tenho nada de meu. Minto, tenho a rapariga da mochila. Ela prende-me à terra, é por ela que o frigorifico anda mais ou menos cheio, ponho as máquinas a funcionar, deito fora o pó. E também gosto de fazer coisas, deixar marcas nos caminhos, andar em direcção aos sonhos mesmo quando eles vão a fugir de mim. Agarro alguns e enchem-me essa coisa dita alma.
Podias ter vindo sem espreitar atrás da porta. Agora não sei. Não sei que poderá ser de ti depois de veres o que não é lindo, nem mágico, nem poesia. A paixão é uma ilusão que não se mantém quandos se espreita atrás das portas. A paixão é contemplar à janela.
Pois é, meus amigos, voltei das redes mas nunca mais vou sair delas.
CC

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Liberté

Decididamente, os nossos caminhos entrecuzam-se e vamos encontrando trilhos com ressonâncias semelhantes. Pontos de encontro, que foram de paragem e reflexão algures no tempo e que agora nos aproximam devolvendo-nos imagens e sentimentos que pensávamos esquecidos. Por falar em guerras lembrei-me desta liberdade de Paul Éluard.
Liberté
Sur mes cahiers d'écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable sur la neige
J'écris ton nom
Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J'écris ton nom
Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J'écris ton nom
Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l'écho de mon enfance
J'écris ton nom
Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J'écris ton nom
Sur tous mes chiffons d'azur
Sur l'étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J'écris ton nom
Sur les champs sur l'horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J'écris ton nom
Sur chaque bouffée d'aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J'écris ton nom
Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l'orage
Sur la pluie épaisse et fade
J'écris ton nom
Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attentives
Bien au-dessus du silence
J'écris ton nom
Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J'écris ton nom
Sur l'absence sans désirs
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J'écris ton nom
Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l'espoir sans souvenir
J'écris ton nom
Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer Liberté.
Paul Éluard - 1942 -

Boris Vian

Por falar em redes....

Há poucos dias descobri o blogue Claras em Castelo, da Marta, onde o nosso blogue "que ninguém lê" aparece na categoria de "quase diários". Obrigado Marta.
É bom saber que, mesmo não nos lendo, alguém aponta para cá. Também já colocamos uma ligação para as "Claras em Castelo" para ser mais fácil passar por lá, de vez em quando... (quase todos os dias...) !

Hoje, no Claras em Castelo, encontrei um post sobre um livro que não me importaria de receber pelo Natal...(Marta, posso mandar a morada por mail se fizer questão de o oferecer a alguém que goste, caso contrário... terei mesmo que o procurar eu!)

Não conheço muito da obra de Boris Vian, mas é dele um dos poemas mais bonitos que conheço - os amigos sabem que não conheço assim tantos! - e que Réggiani interpreta tão bem!
Aqui o deixo, em especial para a Marta que já o deve conhecer...


Le déserteur

Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter

Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé

Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins

Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens:
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer<

Boris Vian, 1954

terça-feira, 5 de dezembro de 2006


Dia de prova, prova dos nove, prova que espero ter sabor.
Acho que entrei na escola para nunca mais sair de lá e embora tenha às vezes vontade de nunca mais lá voltar, continuo sempre. Na escola ainda se aprende?! Dia de escola, dia de rede, redes, pessoas em rede.
Vim ter aqui não sei como. Espero um dia sair daqui, também ainda não sei como.
Alguém me diz que eu ainda não sei bem de que ando à procura. Talvez...mas isso já não me preocupa, a busca tornou-se mais importante que o ponto de chegada.
Esta manhã bebi chá de rosas dentro de um beijo. Bom começo para uma prova.
Até já
CC

domingo, 3 de dezembro de 2006

Roendo uma laranja na falésia....

Aproveitei o fim-de-semana prolongado para ir ver a minha falésia favorita.... Mesmo sem a laranja, as caminhadas pela falésia continuam a fazer-me muito bem...