quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Atrás da porta...

Queria abrir uma porta e tu entravas mas não vias tudo o que estava atrás dela. É que atrás da porta estão os meus defeitos todos reunidos num único que é enorme e me incomoda sem me incomodar realmente. Não tenho ordem, nem arrumação, nem tino no mundo, nem razão. Como um papagaio de papel era capaz de me deixar ir seguindo os rumos do vento, não tenho nada de meu. Minto, tenho a rapariga da mochila. Ela prende-me à terra, é por ela que o frigorifico anda mais ou menos cheio, ponho as máquinas a funcionar, deito fora o pó. E também gosto de fazer coisas, deixar marcas nos caminhos, andar em direcção aos sonhos mesmo quando eles vão a fugir de mim. Agarro alguns e enchem-me essa coisa dita alma.
Podias ter vindo sem espreitar atrás da porta. Agora não sei. Não sei que poderá ser de ti depois de veres o que não é lindo, nem mágico, nem poesia. A paixão é uma ilusão que não se mantém quandos se espreita atrás das portas. A paixão é contemplar à janela.
Pois é, meus amigos, voltei das redes mas nunca mais vou sair delas.
CC

3 comentários:

Anónimo disse...

E se isso tudo, ainda que imperfeito, for também lindo e mágico e poesia?
Deve ficar escondido, ou pode amar-se, também?
JJ

Cristina Gomes da Silva disse...

Isso não tem mal nenhum. Quando "aprenderes" a ler francês e conheceres o dito Cyrulnik de que te falei hoje, ficarás "emerveillée" com a simplicidade com que ele explica que a vida só tem graça porque é feita de contrários, opostos, vice-versa,e etc...
Boa noite

CCF disse...

Querida

É isso o meu texto: ambiguidade(s), contradições e vice versa...tudo isso em Português...é certo que de uma poesia doméstica e em língua mãe.
CC