terça-feira, 30 de janeiro de 2007

...mais impressões.

Que cansaço!

Estou muito longe do infeliz "na minha barriga mando eu", também acho que na medida do possível estas decisões devem ser ponderadas e partilhadas, mas não o sendo cresce a interrogação dentro de mim: porque é que uma mulher há-de "carregar" (quando chegamos ao fim dos nove meses é mesmo isto que sentimos)um "peso" indesejado? Então, não é verdade que a vinculação, desejavelmente rica e positiva, começa o momento em que concebemos um filho ao nível psicológico. Não é verdade o que os psis têm vindo a dizer sobre o papel essencial da mãe na qualidade de vida (emocional, física e psíquica) dos "infantes"? Ou esses argumentos só colhem quando se trata de nos manter em casa remetidas a papéis mais tradicionais? No Estudo que refiro no post anterior, à pergunta sobre com quem se tinham aconselhado sobre a decisão de abortar, 43.8% responderam que com o marido/companheiro. Afinal de que se queixam? Para mim são mais trágicos os 22.5% que decidiram sózinhas. Sem querer cair em radicalismos feministas (talvez anacrónicos), não me parece que o peso das duas opiniões, mulher/homem, deva ser o mesmo relativamente a esta questão. Boa noite.

Impressões de um domingo frio

Folheio o Estudo A Situação do Aborto em Portugal: Práticas, Contextos e Problemas, promovido pela Associação para Planeamento da Família, leio os principais resultados e desejo que pudesse ser conhecido de mais gente.
Passeio pela cidade e dou de caras com cartazes de um partido obscuro que emerge a espaços quando a luz ameaça instalar-se. Arrepio-me com a obscuridade que transparece dos cartazes e revejo mentalmente negras e longas noites de sofrimento de quantas e quantas mulheres (e de homens também) ditado por idênticas forças destrutivas. Leio nesses cartazes uma vontade de destruição que emana das imagens agressivas e das palavras ameaçadoras "Portugal envelhece e morre" e atrás vem a ladainha repugnante "Crescimento demográfico zero, aborto, droga, uniões gay, imigração. Dentro de 50 anos não existiremos". Para estas ameaças a solução perfeita: "A família é uma prioridade nacional." Qual família? Nem vale a pena perguntar, já sabemos a resposta. Retenho globalmente o que está subjacente: o medo. Do diferente, do que vem de fora, do que escapa às regras, da vida...
Relembro em associação de ideias, a propósito da emigração, o poema de Rosalía de Castro, e por aqui me fico desejando que novos e brilhantes ventos varram negras nuvens no próximo dia 11 de Fevereiro e aqui vos deixo este cantar triste mas tão belo ao mesmo tempo.

Corria o séc.XIX e era assim que ela cantava/chorava uma das feridas que ensombra quase todos os países sobretudo os mais pobres: a emigração económica. A busca de melhores condições de vida, o direito à felicidade, seja ela o que for:

Cantar de emigração

Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão

Tens em troca, órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai

Coração que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Weblogs na Educação: 3 Experiências, 3 Testemunhos

O Centro de Competência CRIE da ESE de Setúbal vai realizar o Encontro “Weblogs na Educação: 3 Experiências, 3 Testemunhos”, no dia 3 de Março de 2007, das 10h às 13h.
O Encontro pretende promover uma reflexão sobre o uso educativo desta ferramenta da web, a partir da apresentação de três comunicações de professoras que desenvolvem blogues educativos, dois na área das línguas, portuguesa e estrangeira, respectivamente das professoras Teresa Pombo – “O sítio da prof Teresa”, Teresa d’Eça – “Have fun with English!2” e um de âmbito curricular transversal, da professora Teresa Marques – "Tempo de Teia " .

Penso que será uma oportunidade de conhecer experiências muito interessantes de uso desta ferramenta ao serviço da educação. Por isso, faço aqui (embora saiba à partida que quase ninguém lê) o pedido de que divulguem a iniciativa, nos vossos blogues, para que o maior número de professores possa participar neste encontro. A participação é gratuita.
Mais informação, e inscrições on-line, na página do Centro (http://nonio.ese.ips.pt).

SIM À VIDA que se deseja, se pode acolher, se pode cuidar

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

SIM À VIDA que se deseja, se pode acolher, se pode cuidar

Foi a parceira ~CC~ que disse e se eu pudesse fazia uma bandeira que ondularia ao vento com estas palavras. Depois, passeava com ela frente à AR; às portas das igrejas onde se espalham as ideias mais ignominiosas e se perpetuam convicções que aprisionam os que temem algum castigo divino; e esta sim eu gostaria de ver exibida em muitas janelas e varandas das nossas casas. Depois, também ajudava a fazer dela um quase "mandamento" diário e também a levava às escolas e deixava que os jovens a colorissem com as cores de quem sabe que uma escolha consciente é sempre a melhor das escolhas, que um país de cidadãos é mais do que um país de indivíduos, que participar é fazer parte e que um dia poderíamos ter mais orgulho neste cantinho debruçado no oceano.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

...teimosias

Depois de algumas tentativas teimosas (os mais próximos dizem que é mesmo obstinação...) consegui trazer a imagem de que vos falei ontem.


Nota: decidimos colocar o slogan no nosso blogue mesmo sem saber a origem primeira. Apenas podemos dizer que o encontrámos aqui e que já o vimos noutros lados.

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

"Este blogue é pelo sim no referendo!"

Encontrei este slogan aqui e pensei que se este fosse um blog muito lido também gostava de partilhar o slogan, mas mesmo não sendo cá vai alguma da inquietação que não me larga até 11 de Fevereiro. Li noutro sítio um texto de Júlio Machado Vaz de onde retirei o excerto abaixo
"...Cabe-nos lutar para que um povo capaz de semear bandeiras alegres nas janelas em apoio a uma selecção, ou demonstrar comovente solidariedade branca com Timor, não se recuse, melancolicamente, a demandar uma assembleia de voto para pôr fim a dramas que acontecem – clandestinos ou nem tanto… - no meio dele...." . Eu também gostava de estar optimista como ele, mas não sei se confiaria o resultado de 11 de Fevereiro, com igual grau de confiança, aos que puseram bandeiras nas janelas e aos que souberam demonstrar uma comovente solidariedade branca com Timor. É que não me parecem causas equivalentes nem em dimensão, nem em efeitos, nem em consciência. Talvez seja elitismo/snobismo da minha parte; talvez porque não goste de futebol nem do que se passa nos seus bastidores (muito antes do livro da Catarina Salgado); talvez porque ache que a questão da despenalização do aborto é socialmente, muito mais fracturante do que as rixas futebolísticas; talvez porque nunca o tendo feito e, como já tive oportunidade de o dizer aqui, tendo tido o privilégio de ter podido escolher ter as minhas duas filhas, talvez poque me é muito difícil pactuar com hipocrisias; talvez por isso tudo a minha escolha no dia 11 recaia no SIM.

sábado, 20 de janeiro de 2007

BABEL

Quando o vemos sabemos logo que o seu destino está de algum modo marcado por aquele olhar persistentemente desafiante. No corpo magro e pequeno habita aquele calor ardente que o lança sempre acima, sempre além, sempre para dentro de si próprio, sempre singular. Os olhos dele são assim meio estrábicos, meio perdidos, espantosamente tristes e espantosamente felizes. Os olhos dele parecem os teus olhos. Este menino não pode ser igual aos outros meninos que ali moram, há dentro dele um destino outro. Tu foste este menino e em alguns momentos perdeste-o, tu perdeste este menino dentro de ti. Mas às vezes ele aparece inteiro na sua força, tu és ele.

O mundo aparentemente continua a pertencer aos mais fortes, mas dentro dos mais fortes há um cristal prestes a quebrar. O polícia mais duro tem de repente um olhar meigo perante o rapaz pequeno que de braços levantados se entrega. O detective guarda com ternura a rapariga nua. O homem louro não faz queixa da mulher que colocou em risco os filhos porque ela também tomou conta deles.

Quem perde? Quem ganha? Quem viu este filme? Quem sabe dizer?

Seria fácil dizer que o amor vence da mesma forma que foi ele a perder em Match Point(woody Allen) mas não sei.

Eu ganhei por ter ido ver este filme. Ganhei lágrimas, inquietação, riso também. E a tua mão junto da minha, os olhos...esses eram uns pontinhos de luz no escuro da sala.

Não percam, não se percam.

~CC~

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

TIC para que vos quero?

Se procurarem no arquivo vão encontrar mais uma ou duas entradas com referências ao Tempo de teia da professora 3za. Confesso que me tenho contido para não fazer aqui referência a todas as "pérolas" que vou encontrando por lá, mesmo que na maioria das vezes nem deixe rastos da minha passagem...

Não acreditam? Tenho provas: não disse nada sobre isto nem isto, nem tanta outra coisa que li por lá, e bem me apeteceu. Acontece que hoje não me contive quando acabei de ler o post "TIC para que vos quero". Não o vou reproduzir, pois está aqui, vou simplesmente dar, mais uma vez, os parabéns à Teresa Marques e ficar a aguardar o tal cafézinho para a conhecer pessoalmente.

Quanto a vocês, que passam aqui mesmo sem ler, se têm algum interesse pelo uso educativo das tecnologias, pelo ensino da Matemática ou simplesmente pelo ensino... ponham já o Tempo de Teia nos favoritos e passem lá todos os dias (ou melhor ainda utilizem um leitor de RSS) porque não é correcto da minha parte replicar aqui tudo o que 3za nos conta.

Um muito obrigado à 3za pela partilha e pelo entusiasmo com que utiliza as tecnologias, que faz com que, depois de serem seus alunos, escrevam mensagens como esta!

Trás-os-Montes...

Descobri no Olhares.com o trabalho de Raul Coelho, um fotógrafo que partilha aí fotos de Trás-os-Montes. As fotos parecem postais e, na minha modesta opinião, são de uma extraordinária qualidade. Não me canso de olhar para elas, devem ser saudades!
Não resisti a trazer uma para aqui, seguindo o conselho da CC: "É tão linda que temos de a colocar no nosso blogue..."
Aconselho todos aqueles que passem por aqui, mesmo sem ler, a visitarem as restantes aqui ...


Foto: Raul Coelho (Olhares.com)

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Presidentes...

Nos países ditos diferentes os presidentes mostram os traços da sua personalidade. Se um mostrava o exótico junto a tudo o que era bicho nativo, servindo a história como se ela não fosse mais que um livrinho infantil com traços adultos de etnocentrismo, o outro prefere mostrar-nos a modernidade do capitalismo que a todos chega como um bem: "o fim anunciado da história". Este parece acreditar que de fato e gravata os homens são todos iguais e que o milagre, se ele existe, é económico de certeza.
Se eles pudessem traduzir a singularidade que a vida adquire noutros lugares, se eles pudesse sentir e saber...pois, se eles o fizessem...será que o nome deles ainda poderia ser o mesmo...(presidentes?)
~CC~

domingo, 14 de janeiro de 2007

Gaivotas...


Este fim-de-semana fui ver as gaivotas... Nem tentei contá-las, como faz o Gregório Salvaterra.

Lá estavam, como sempre, indiferentes aos meus pensamentos uns metros mais abaixo.

O mar, as falésias, as gaivotas, a lareira, o sossego de uma aldeia quase deserta no inverno... Já não tenho desculpa para não trabalhar durante a próxima semana!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Cinderelas



Estas minhas Cinderelas urbanas que desenham sonhos com os pés no chão, Deus como são lindas!


E para que saibam...
" Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente os que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos(...)Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Pablo Neruda

~CC~

Frascos, pedras e tempo!

Hoje, quando fui buscar a I. à escola, passaram por mim duas crianças que não tinham mais de 5 anos. Não sei em que contexto, ouvi uma delas dizer à outra: "isso é uma perda de tempo!". Não sei porquê -parece que sei pouca coisa hoje- mas tive que olhar outra vez para confirmar a idade das crianças. Pareceu-me uma expressão demasiada adulta para aquela idade... Será que aos 5 anos o tempo já tem um valor tão elevado que temos que o aproveitar tão bem de modo a que não haja perdas de tempo! Não pude deixar de pensar o que seria que faria perder tempo às crianças ou se, simplesmente, não era ao tempo delas que se referiam.

Será que, nós adultos, não passamos a vida a dizer que não temos tempo incutindo estes ritmos frenético às nossas crianças?

Um dia li -também não sei onde, provavelmente num mail- uma história sobre como colocar pedras de diferentes tamanhos num frasco. Se começarmos por encher o frasco de areia não conseguiremos colocar mais nenhuma pedra dentro. Se começarmos por colocar as pedras grandes podemos depois colocar as mais pequenas e ainda caberá certamente alguma areia no frasco enchendo todos os espaços que ficaram livres.

Isto seria muito fácil de fazer se fosse simples distinguir as pedras grandes da areia! Muitas vezes o tempo parece não chegar para as coisas simples, e verdadeiramente importantes, da vida que por serem simples nem reparamos que são autênticos pedregulhos e que tentamos colocar no frasco apenas depois de toda a areia que nos atiram, todos os dias, para os olhos!

* Foto de Ana Red obtida em http://www.olhares.com/anared

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Rumo a Dakar....

Ontem, bem cedo, também fui ver a caravana que partia rumo a Dakar. Para muitos era o início de uma aventura que começava numa manhã calma de nevoeiro pelas estradas do Alentejo mais habituadas a vacas que a carros... pelo menos destes!

domingo, 7 de janeiro de 2007

Força Carlos Sousa

sábado, 6 de janeiro de 2007

Alentejo

Tenho andado arredada destas redes invisíveis. Tecendo outras, de sol e mar e terra e beijos. Tenho andado empenhada em manter-me positiva e tentando dissipar alguma angústia que os balanços de fim de ano e os projectos dos tempos por vir sempre me causam. Cansam-me os floreados em demasia e anseio por um retorno às coisas simples. Ontem fui à Vidigueira, terra de pão, vinho e gente boa. Como sempre visitámos a Dona Ema, a padeira. Sessenta e oito anos e ainda amassa pão para três fornos por dia. Delicioso e generoso, quente ainda a fumegar foi assim que o comemos (saboreámos) sentados num banco, ao sol, na praça ao pé da Câmara. A luz inimitável do Alentejo, mesmo em Janeiro, mesmo com frio. Hoje de retorno à cidade, à modernidade, à net, fui espreitar um blog que descobri aquando da morte dos três jovens jornalistas no Chile, em Novembro passado. Recomendo-vos que o acompanhem, porque vale a pena. O post O meu avô é particularmente tocante e fez-me pensar na Dona Ema...

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

mais bandeiras


Esta pode ser...a bandeira da liberdade. Pois nesta também me enrolava...por ela e com ela.
~CC~

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Experiências digitais....

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Sete

Sete é um número precioso que encerra dentro dele muitos rituais como 3 e como 13. São esses os meus três números não obstante ter nascido a 22.
Em sete, dia um... viajei entre o desespero de saber que se decreta que alguém morra por ter morto alguém, julgo que uma contradição humana (sou radicalmente contra a pena de morte) e o riso que me trazem as raparigas pequenas que dançam e cantam a beleza do mundo. Agora que cresci do tamanho da meia idade, costumo viajar entre o desespero e a esperança e na vertigem dessa viagem vou sobrevivendo. Sim, também às vezes vivendo quase feliz. Assim, por exemplo, quase feliz comendo as passas que trazem lá dentro tantos desejos, já viram eu e meia humanidade a desejar num único minuto. Desta vez, por economia ou por amor, comi só 6...ou uma parte delas, visto que nem as contei.
Boas passas, bons sonhos, bom 200sete.
~CC~

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Bom ano 2007!

Um bom ano para todos os que passam por aqui.O meu 2007 começou com um passeio pelo cais de Gaia....