sábado, 20 de janeiro de 2007

BABEL

Quando o vemos sabemos logo que o seu destino está de algum modo marcado por aquele olhar persistentemente desafiante. No corpo magro e pequeno habita aquele calor ardente que o lança sempre acima, sempre além, sempre para dentro de si próprio, sempre singular. Os olhos dele são assim meio estrábicos, meio perdidos, espantosamente tristes e espantosamente felizes. Os olhos dele parecem os teus olhos. Este menino não pode ser igual aos outros meninos que ali moram, há dentro dele um destino outro. Tu foste este menino e em alguns momentos perdeste-o, tu perdeste este menino dentro de ti. Mas às vezes ele aparece inteiro na sua força, tu és ele.

O mundo aparentemente continua a pertencer aos mais fortes, mas dentro dos mais fortes há um cristal prestes a quebrar. O polícia mais duro tem de repente um olhar meigo perante o rapaz pequeno que de braços levantados se entrega. O detective guarda com ternura a rapariga nua. O homem louro não faz queixa da mulher que colocou em risco os filhos porque ela também tomou conta deles.

Quem perde? Quem ganha? Quem viu este filme? Quem sabe dizer?

Seria fácil dizer que o amor vence da mesma forma que foi ele a perder em Match Point(woody Allen) mas não sei.

Eu ganhei por ter ido ver este filme. Ganhei lágrimas, inquietação, riso também. E a tua mão junto da minha, os olhos...esses eram uns pontinhos de luz no escuro da sala.

Não percam, não se percam.

~CC~

2 comentários:

João Torres disse...

Fiquei com vontade de ir ver....

Cristina Gomes da Silva disse...

De viva voz contar-me-ás mais...