Folheio o Estudo A Situação do Aborto em Portugal: Práticas, Contextos e Problemas, promovido pela Associação para Planeamento da Família, leio os principais resultados e desejo que pudesse ser conhecido de mais gente.
Passeio pela cidade e dou de caras com cartazes de um partido obscuro que emerge a espaços quando a luz ameaça instalar-se. Arrepio-me com a obscuridade que transparece dos cartazes e revejo mentalmente negras e longas noites de sofrimento de quantas e quantas mulheres (e de homens também) ditado por idênticas forças destrutivas. Leio nesses cartazes uma vontade de destruição que emana das imagens agressivas e das palavras ameaçadoras "Portugal envelhece e morre" e atrás vem a ladainha repugnante "Crescimento demográfico zero, aborto, droga, uniões gay, imigração. Dentro de 50 anos não existiremos". Para estas ameaças a solução perfeita: "A família é uma prioridade nacional." Qual família? Nem vale a pena perguntar, já sabemos a resposta. Retenho globalmente o que está subjacente: o medo. Do diferente, do que vem de fora, do que escapa às regras, da vida...
Relembro em associação de ideias, a propósito da emigração, o poema de Rosalía de Castro, e por aqui me fico desejando que novos e brilhantes ventos varram negras nuvens no próximo dia 11 de Fevereiro e aqui vos deixo este cantar triste mas tão belo ao mesmo tempo.
Cantar de emigração
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão
Tens em troca, órfãos e órfãs
Coração que tens e sofre
2 comentários:
É realmente triste, mas muito belo.
E o egoísmo daqueles argumentos, já para não dizer mais nada.
Porque não se preocuparão com as crianças que morrem de maus tratos provocados por pais que deviam ter abortado?
Não tenho dos "nãos" porque me irritam tanto que iria entrar no jogo que eles querem.
Bjinhos Cristina.
PS dizes-me a morada do outro claras em castelo? gostava de espreitar.
Mea culpa Cristina!
Afinal sabia que existia este blogue. Quando lá fui e vi o nome de Rosa, relembrei.
Logo no meu início, a 18 de Agosto, a Rosa foi lá comentar que o blogue dela tinha o mesmo nome do que o meu mas sem hífens. Esqueci-me completamente.
As minhas desculpas.
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