terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Ainda Benedetti

Mario Benedetti escreveu-o a propósito da morte de Reagan, que não foi um ditador, foi só muito indecente. Uma amiga recuperou-o a propósito de Pinochet e eu não resisti em postá-lo aqui, para vocês. Mesmo para os relativistas...

Obituario con hurras
Vamos a festejarlo
vengan todos los inocentes
los damnificados
los que gritan de noche
los que sufren de día
los que sufren el cuerpo
los que alojan fantasmas
los que pisan descalzos
los que blasfeman y arden
los pobres congelados
los que quieren a alguien
los que nunca se olvidan
vamos a festejarlo
vengan todos
el crápula se ha muerto
se acabó el alma negra
el ladrón
el cochino
se acabó para siempre
hurra
que vengan todos
vamos a festejarlo
a no decir
la muerte
siempre lo borra todo
todo lo purifica
cualquier día
la muerte
no borra nada
quedan
siempre las cicatrices
hurra
murió el cretino
vamos a festejarlo
a no llorar de vicio
que lloren sus iguales
y se traguen sus lágrimas
se acabó el monstruo prócer
se acabó para siempre
vamos a festejarlo
a no ponernos tibios
a no creer que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festejarlo
a no volvernos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festejarlo
a no volvernos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto de mierda.
Mario Benedetti

2 comentários:

CCF disse...

Não sou relativista, só relativizo...isto é contra senso, vice versa, ambiguidade, contradição...estás lembrada? O mundo parece plano mas é redondo...
os ditadores só existem porque...?! Mas o poema é fantástico e a sua força marca o tempo e eu também gosto de coisas fortes, coisas assim como a palavra NÃO! Nem sempre digo talvez.
E hoje apetece-me enviar-te beijos...e rosas vermelhas daquele vermelho que só há no Chiado.
CC

Cristina Gomes da Silva disse...

Sei que não devia esquecer-me mas a verdade é que não me lembro de quem falou do "terrível poder de dizer NÃO" e eu adoptei a frase quase como divisa minha. Foi um poeta, português, que já não está entre nós(ou estará?). Sabes quem foi?