Esta é também a minha terra, achei-a asim tão bem descrita por este rapaz que se dedica ao mel e que não conheço. E senti-a assim batida pelo vento forte de cheiro a maresia, demorei muito a gostar dela. Amei-a nas palavras de um avô que recitava António Aleixo e coleccionava vasos de cravos e cravinhos cujas cores estudava e inventava pela intuição da química. Vivia a sonhar a revolução que já tinha afinal chegado. Mestre terra, de olhos salgados e poucas falas. O mais improvável que podia acontecer era o nosso encontro, o do mestre a despedir-se da vida activa e da criança triste, sem norte. Mas aconteceu, ensinou-me a gostar de laranjas e de xarém e fez-me sentir que eu era mais que um nada, se quisesse, podia ser quase uma flor. Era o que eu precisava para seguir o caminho.
Depois a vida levou-me para longe dele mas sei que andou de bicicleta até morrer e cuidou sempre dos seus cravos.
Nós somos muitas terras, muitas delas que nos são trazidas pela mão ou pela pele de alguém.
~CC~
2 comentários:
Mais uma prova dos laços que nos ligam, mesmo que invisíveis, mesmo que indizíveis.
Bem... esta empatia (por si)... passei férias nesta terra, durante alguns anos e a ela me sinto ligada por isso.
Tal como as terras, é isso professora, as mãos e a pele de alguém, o cheiro... como me afeiçoo... e como é dificil continuar... :P mas eu lembro as suas palavras, sempre!
Beijinhos,
Madalena.
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