sábado, 18 de agosto de 2007

Agosto


Agosto. O meu e o dos outros. Este "outro" é muito especial. Pelo menos para mim. Gosto muito de lê-lo, de (re)encontrá-lo a cada livro que escreve.

"...Tu nem sequer imaginas como podem acabar subitamente certos Agostos que esbarram contra um Setembro temporão, como um automóvel contra uma árvore, e se encarquilham, esmorecem como uma concertina sem fôlego. Tanta bazófia na canícula da Assunção ou quando o céu nocturno solta os fogos-de-artifício de São Lourenço e os sentidos parecem tão repletos e a vida uma caverna de abóbadas altíssimas, quatro gotas de chuva, porém, o tempo de um corisco, e basta um só dia para engolir esse mês inchado e convencido... A vida também é assim, é como Agosto, dás-te conta que se finou num abrir e fechar de olhos, quando menos esperas, o elástico encolhe e nunca mais voltará a esticar(...)"p.53


Antonio Tabucchi, Tristano Morre - Uma vida, D. Quixote, 2006

Sem comentários: