A propósito das minhas traquinices de miúda cresci a ouvir esta frase: “És mesmo judia. Só sabes fazer judiarias”. Pelo tom em que era dita, sabia que devia ter feito algo de muito pior do que uma simples traquinice, mas não conhecia nem o significado, nem a origem da expressão.
Mais tarde, já no início da adolescência, período das nossas vidas que acompanha sempre o despertar para o mundo, soube da história da Europa e das sombras que a atravessaram naquela quase década entre 1939 e 1945 e lembro-me de me perguntar porque é que a minha mãe (católica mas sem muita convicção, e não me parece que fosse anti-semita), me mimaria com aquele epíteto. Afinal eles tinham sido perseguidos, tinham morrido, tinham sido vítimas e não carrascos e tudo aquilo tinha acontecido muito antes de eu nascer.
A escola democrática ajudou-me a rasgar horizontes e por ela fui descobrindo que, afinal, o povo judeu não tinha desaparecido da face da terra e que eu só conhecia uma parte da história.
O fio das descobertas foi-se desenrolando e, embora já não consiga (nem seja o meu propósito) desfiá-lo aqui, etapa por etapa, lembro-me que foi, primeiro através da televisão – com as séries sobre a Resistência (umas com mais humor, outras com menos) – depois do cinema – com Casablanca, Lili Marleen, O Porteiro da Noite, A Lista de Shindler, A Vida é Bela, só para nomear alguns – e mais tarde com os artistas, intelectuais e escritores – Catherine Clément (A Senhora), Richard Zimler, Amos Oz, Boris Cyrulnik, Arpad Szenes, Joshua Benoliel, Jorge Molder, Francisco José Viegas, Camilo Castelo Branco, Woody Allen, Lauren Bacall, Mel Brooks, Al Jolson, Simone Signoret, Jorge Luís Borges (só para citar alguns de memória) – que fui alargando o meu conhecimento sobre a questão judaica e ganhando a consciência de que ainda havia muito para saber.
Recentemente, levada pelos ventos da modernidade, dei comigo numa rua blogosférica e apeteceu-me passear por lá mais vezes para tentar saber mais.
Talvez um dia consiga compreender as razões da minha mãe…
Mais tarde, já no início da adolescência, período das nossas vidas que acompanha sempre o despertar para o mundo, soube da história da Europa e das sombras que a atravessaram naquela quase década entre 1939 e 1945 e lembro-me de me perguntar porque é que a minha mãe (católica mas sem muita convicção, e não me parece que fosse anti-semita), me mimaria com aquele epíteto. Afinal eles tinham sido perseguidos, tinham morrido, tinham sido vítimas e não carrascos e tudo aquilo tinha acontecido muito antes de eu nascer.
A escola democrática ajudou-me a rasgar horizontes e por ela fui descobrindo que, afinal, o povo judeu não tinha desaparecido da face da terra e que eu só conhecia uma parte da história.
O fio das descobertas foi-se desenrolando e, embora já não consiga (nem seja o meu propósito) desfiá-lo aqui, etapa por etapa, lembro-me que foi, primeiro através da televisão – com as séries sobre a Resistência (umas com mais humor, outras com menos) – depois do cinema – com Casablanca, Lili Marleen, O Porteiro da Noite, A Lista de Shindler, A Vida é Bela, só para nomear alguns – e mais tarde com os artistas, intelectuais e escritores – Catherine Clément (A Senhora), Richard Zimler, Amos Oz, Boris Cyrulnik, Arpad Szenes, Joshua Benoliel, Jorge Molder, Francisco José Viegas, Camilo Castelo Branco, Woody Allen, Lauren Bacall, Mel Brooks, Al Jolson, Simone Signoret, Jorge Luís Borges (só para citar alguns de memória) – que fui alargando o meu conhecimento sobre a questão judaica e ganhando a consciência de que ainda havia muito para saber.
Recentemente, levada pelos ventos da modernidade, dei comigo numa rua blogosférica e apeteceu-me passear por lá mais vezes para tentar saber mais.
Talvez um dia consiga compreender as razões da minha mãe…
2 comentários:
a minha avó também nos (a mim e à minha irmã) dizia isso: 'são muito judias'.
já sabia do holocausto e nunca associei. era apenas uma expressão de alguém que (talvez) por causa da idade já não tinha paciência para gente gaiata. era sobretudo quando andavamos de patins e quase a atropelavamos que ela nos chamava assim. e nós ríamos... porque era bom rir e andar de patins.
a expiação de culpas nunca ficaram comigo...
obrigada por me fazer recordar este episódio.
Olá Luisa,
é com essas linhas que se cose uma cultura. A mim o que me interessa é saber porquê. Às vezes há coisas que se "naturalizam", mas que são tudo menos naturais.Bom fim-de-semana
Enviar um comentário