quarta-feira, 25 de julho de 2007

Mamã dá licença?

Lembro-me bem deste jogo porque sempre me pareceu ferido de lógica e impossível de ter sido inventado por crianças. Reparem que quando estamos quase a chegar, traídos por um pequeno movimento, somos descobertos e voltamos para trás. Este retrocesso ao lugar de partida sempre me deixou de rastos. Pensava: agora vou ter de percorrer todo o caminho outra vez e quando estiver quase a chegar volto novamente para trás. Um adulto, foi um adulto que inventou esta maldade. Mas a verdade é que as crianças jogavam a isto na maior parte das vezes com prazer. Eu também se não me pusesse a pensar na lógica dos próprios jogos, o que me fazia perder mais vezes. Mais tarde tornei-me veloz nas corridas e quase alcancei grandes vitórias no corta mato, acho que pela ideia de que podia ir sempre em frente, de pouco me importar com a distância a que a meta estava, podia correr até ela.


Penso nisto por causa das férias e de uma das coisas que dentro delas me causa maior prazer:deixar-me estar na praia até o sol se despedir e ver a lua a ganhar o seu lugar de luz. Já alguma vez repararam na cor que a espuma ganha nessa altura? Chegam as gaivotas pouco a pouco ganhando cada lugar que uma criança deixou. Faz-se silêncio e podemos escutar novamente as ondas. O jantar pouco importa, qualquer coisa se arranja.


E quanto mais penso nesta imagem da praia mais ela foge de mim como no jogo da mamã da licença. Afinal talvez ele tivesse uma função na minha vida, preparar-me para esta espera, para dizer "ganhei" numa recta mais difícil, a recta de avanços e recuos, recta de ir e vir.

Agora é que era mesmo ir e ir e ir pelo crepúsculo de Verão.


E também por causa bolas de berlim, são lindas as bocas crianças cheias de açucar e fantásticos os mergulhos que dão em plena rebentação.
~CC~

4 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

Pois eu sempre odiei tal jogo. Primeiro porque não gosto de pedir licença para brincar e depois porque suporto mal submeter-me à arbitrária perversidade dos outros. Tem custos? Tem, um deles é sem dúvida o afastamento do grupo. Mas que queres, prefiro pagá-los e pensá-los como "custos da insularidade"

Quanto às bolas de Berlim, estamos de acordo e ao mar ao fim da tarde também. Fica de fora o jantar "qualquer coisa" desde que estas "coisas" pequenas entraram na minha vida.

j disse...

"deixar-me estar na praia até o sol se despedir e ver a lua a ganhar o seu lugar de luz" Ora aí está uma coisa que não faço há muito tempo. Fico a pensar nos porquês e creio que sei a resposta. A ver se ainda vou a tempo, nesta fatia de férias.

Belo postal, é o que é! :)

João Torres disse...

Já falta pouco....

CCF disse...

:)Abraço apertadinho x 3
~CC~