domingo, 10 de junho de 2007

A olhar no espelho menino



Um frasquinho de veneno. É lindo sim. Mas o veneno espalhou-se tanto que se diluiu e só de quando em quando ele vem à tona para nos espantar, para repelir, chega aos olhos para inundar as palavras mas logo parece morrer no convívio com as flores
A maior parte do tempo é um pote de barro. Um ponte para apanhar peixes, para levar água fresca, para guardar vinho maduro, para encher com areia e sementes, para roubar a luz da lua e deixá-la escorrer devagarinho nas noites mais escuras.
Um pote feito de mãos quentes e de argila escura. Um pote frágil e forte como são as coisas que nasceram no interior da terra, lá pelas aldeias onde a vinha é ainda plantada como se planta rainha.
~CC~

2 comentários:

Gregório Salvaterra disse...

É lindo sim. Essa magia de tocar as coisas e transformá-las. Também acredito que o pior veneno sucessivamente diluído em boas águas e filtrado pela luz de sete luas é capaz de se tornar num fabuloso remédio.
É lindo sim.
*jj*

CCF disse...

Às vezes precisava de um bocadinho de veneno, mesmo diluido.
~CC~