Sem penas ou lamentos deixou-a sair de si. Da sua vida. Não tentou retê-la.
Tinha buscado um pedaço de constância e, por isso, abriu-lhe a porta outra vez. Voltou a deixá-la entrar.
Mas, um ano depois, o desencontro tinha marcado encontro com eles pela segunda vez. O meu amigo já tinha esquecido a lição de Heraclito (não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque, ao entrarmos pela segunda vez, as águas já não serão as mesmas e nós também não). Esqueceu-a nos cadernos de filosofia do 12º ano, mas retomava-a agora para alimentar a objectividade que, teimosamente, queria manter.
Afinal, a relação mais longa continuava a ser com aquele ser que, silencioso, deslizava entre o sofá e o chão, ronronando quando se esquivava às carícias. Esperava-o todo o dia, todos os dias, todas as noites.
Olho-o e pergunto-me se o dique resistirá à força das lágrimas que teima em aprisionar. Tenta desfazer com o fumo dos cigarros os nós que se instalam na garganta e deixa que o olhar se perca lá atrás, naquele Verão incendiado em que juraram amor (quase) eterno.
Lembro-me que havia música na igreja, não música religiosa, mas músicas escolhidas por eles. Lembro-me de ouvir Wonderful World, das outras não.
Hoje ofereço-lhe esta para o caminho que tem pela frente, porque acho que vai gostar, e abraço-o devagarinho porque li a etiqueta: frágil - tocar com cuidado!
Tinha buscado um pedaço de constância e, por isso, abriu-lhe a porta outra vez. Voltou a deixá-la entrar.
Mas, um ano depois, o desencontro tinha marcado encontro com eles pela segunda vez. O meu amigo já tinha esquecido a lição de Heraclito (não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque, ao entrarmos pela segunda vez, as águas já não serão as mesmas e nós também não). Esqueceu-a nos cadernos de filosofia do 12º ano, mas retomava-a agora para alimentar a objectividade que, teimosamente, queria manter.
Afinal, a relação mais longa continuava a ser com aquele ser que, silencioso, deslizava entre o sofá e o chão, ronronando quando se esquivava às carícias. Esperava-o todo o dia, todos os dias, todas as noites.
Olho-o e pergunto-me se o dique resistirá à força das lágrimas que teima em aprisionar. Tenta desfazer com o fumo dos cigarros os nós que se instalam na garganta e deixa que o olhar se perca lá atrás, naquele Verão incendiado em que juraram amor (quase) eterno.
Lembro-me que havia música na igreja, não música religiosa, mas músicas escolhidas por eles. Lembro-me de ouvir Wonderful World, das outras não.
Hoje ofereço-lhe esta para o caminho que tem pela frente, porque acho que vai gostar, e abraço-o devagarinho porque li a etiqueta: frágil - tocar com cuidado!
Todo cambia
Cambia lo superficial
cambia también lo profundo
cambia el modo de pensar
cambia todo en este mundo
Cambia el clima con los años
cambia el pastor su rebaño
y así como todo cambia
que yo cambie no es extraño
Cambia el mas fino brillante
de mano en mano su brillo
cambia el nido el pajarillo
cambia el sentir un amante
Cambia el rumbo el caminante
aunque esto le cause daño
y así como todo cambia
que yo cambie no extraño
(...)
Cambia el sol en su carrera
cuando la noche subsiste
cambia la planta y se viste
de verde en la primavera
Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
y así como todo cambia
que yo cambie no es extraño
Pero no cambia mi amor
por mas lejos que me encuentre
ni el recuerdo ni el dolor
de mi pueblo y de mi gente
Lo que cambió ayer
tendrá que cambiar mañana
así como cambio yo
en esta tierra lejana
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cantado por Mercedes Sosa
1 comentário:
É muito bom ter amigas que conhecem tantos (e tão lindos) poemas e que os vão oferecendo aos amigos. Apesar de tudo, esse teu amigo ainda é um homem de sorte!
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