Camadas e camadas de tristeza pesavam-lhe nos dias mais cinzentos. Decidiu começar a despir-se. A Primavera ameaçava chegar, com avanços e recuos, mas ia chegando. Gostou da leveza, mas sempre temia que uma aragem mais brusca entrasse por uma ferida menos cicatrizada. Ainda assim, escolheu a leveza. As lágrimas que se soltavam em algumas noites de insónia ajudavam a lavar a alma e a pouco e pouco lá se ia descobrindo o colorido de risos antigos e de memórias felizes, como frescos recuperados, que teimavam em irromper pela bruma dos dias menos alentados. Às vezes, a fixação no passado triste impedia que os dias presentes lhe chegassem límpidos e brilhantes de sol e flores e não o deixavam seguir os trilhos por vir. Decidiu fazer uma promessa às flores: nunca mais as deixar morrer. Decidiu fazer-se uma promessa: nunca mais se deixar vencer, nunca mais deixar de tentar sorrir.
sábado, 14 de abril de 2007
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6 comentários:
É lindo! Como acaba?
Não acaba! São muitas as camadas e os homens, cada um com as suas tristezas.
É muito bonito, sim.
E são homens que comentam...Beijinhos para os dois. Benvindo à nossa casa j.:)
Sabes, às vezes penso que para cada homem ou mulher triste há um homem e uma mulher com um sorriso (genuíno) nos lábios. Não sei se há levantamentos estatísticos desta importante realidade (sabe-se da depressão mas a tristeza é coisa mais difusa...)Não estará o problema, muitas vezes, no cruzamento das tristezas com os sorrisos de toda esta gente? Obrigado pelo sorriso. :)
"...a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro nesta vida..."V.Moraes
Lembras-te? E, afinal, sorrir não custa nada, mesmo sabendo que há um fundo triste em cada um de nós. :)
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