terça-feira, 24 de abril de 2007

Amanhã

Dia de muitas cores. E podia lá ter sido noutro mês, aquele dia. É de águas mil e de esperanças sem fim. Para mim (e outros tantos da minha idade), há 33 anos foi não ir à escola. Mal sabíamos nós que outras lições estavam por aprender. E tão bonitas que elas eram. Agarrei as cores e não mais deixei que me abandonassem. Decorei as canções e nunca mais lhes disse adeus. E o mofo cedeu lugar à alfazema dos jardins. As tílias e os jacarandás em flor devem ter ajudado à festa. Inebriantes odores que se libertam e nos envolvem em Abril. Lá onde eu vivia, havia pinheiros, nespereiras e roseiras que nem suspeitavam que a liberdade estava a passar por cá. Todos os anos regressa este nó de emoção estrangulado na garganta. Já não sei se choro de alegria pelo que ganhámos, se de raiva pelo que não temos conseguido fazer. Deve ser tudo junto, de certeza.

Hoje dou-vos uma canção e o meu coração com ela, que coração que não se dá tem pouca valia.

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente nalgum canto do jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho de alecrim
Chico Buarque
PS: Ó João, traz daí uma flor da caixa para dar mais cor às palavras.
PS2: Não tenho cravos... espero que sirva!
PS3: Na perfeição.

2 comentários:

CCF disse...

Dar o coração assim por Abril deve ser sinal de muito bom coração.
Beijos vermelhos
~CC~

Cristina Gomes da Silva disse...

Troco os teu beijos vermelhos por outros cheios de luz e a seguir vamos à festa. Abraços apertadinhos