sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Babel II

Vi Babel esta noite. Antes de sair de casa ainda vi as notícias e a última prendia-se com o relatório da ONU sobre o ambiente apresentado hoje em Paris. É quase meia-noite e penso enquanto escrevo que não é nada bom o futuro que se aproxima e pergunto-me/pergunto-vos o que faço/fazem no quotidiano para que mude alguma coisa. Revejo Babel e pegunto-me como chegámos aqui. A mensagem pode ser clara e como dizia a CC há uns dias , o amor há-de ser o antídoto para todos estes males, mas será que existe amor na mesma proporção em que existe tanto desamor? A menina japonesa que cresceu só por fora, rica de bens materiais mas com uma vida tão só e vazia por dentro; os polícias fronteiriços surdos e insensíveis à dedicação da mexicana ilegal, mas ama dedicada e cidadã cumpridora (vivia nos EUA há 16 anos e até alugava uma casa). Os meninos marroquinos que não vão à escola e que têm uma espingarda a sério para protegerem as cabras dos chacais. E os turistas que preferem a realidade vista de dentro do autocarro. É verdade que o autor do filme tentou deixar umas pinceladas de optimismo no meio daquela/desta Babel: a coragem do menino que se entrega ao polícia desde que este salve o irmão; o guia turístico que fica com o casal americano sem cobrar nada e mesmo sendo pobre ("só tenho dinheiro para ter uma mulher") não aceita o dinheiro que o americano lhe oferece quando deixa a aldeia; o rico japonês que talvez tenha percebido que a filha precisa mais da mão dele do que de atravessar a cidade num Mercedes último modelo. Talvez, talvez possamos fazer todos alguma coisa. Amanhã vou à praia apanhar conchas.

* Foto de Teufel, obtida em http://www.olhares.com/teufel

3 comentários:

João Torres disse...

Boa praia, com muitas conchas...

Eu vou ver se Babel não me escapa, mais uma vez, este fim-de-semana.

Cristina Gomes da Silva disse...

Bom dia João,
obrigada por todos os dias tornares os meus posts tão bonitos com essas fotografias. Para quando as escadas para o céu?
Bjs e bom fim de semana

CCF disse...

Fazer alguma coisa? O modo como somos...connosco, com os outros, com o mundo, reside aí a essência do que podemos fazer. Depois há mais...mais pequenos nadas que às vezes me ocupam os dias.
~CC~