sexta-feira, 4 de julho de 2008

Correntes de tempo.



É quando me olho ao espelho que vejo o tempo reflectido. O tempo passado. O tempo que por mim passou. Sou aquilo que fui fazendo do meu tempo. Quase uma obsessão. O tempo.
O tempo que se apodera das nossas vidas e nos traz encantos e desencantos é o mesmo que nos faz encanecer as frontes e riscar finos traços na pele salgada de lágrimas e corada de alegrias e comoções.

Rugas de uma vida de fissuras e risos. Sulcos finos como carreiros abertos pelas minúsculas partículas de sal.

Respiro nostálgica o odor do encanto pelos outros e deixo por explicar o desencanto. São como velas de chama vigorosa e bruxuleante no início, mas que fenece lentamente lá mais para o fim. Pergunto-me como se pode fazer para manter essa chama, como protegê-la dos sopros mais fortes e dos salpicos das lágrimas choradas pelo feitiço quebrado. O tempo dirá de quantas correntes me fiz e de quantas me desatei. O tempo o dirá. Escutá-lo-ei.

Cristina GS


Nota: Obrigado "parceira", é bom ter palavras tuas por aqui outras vez! Vamos combinar a data da sardinhada.

8 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

10 de julho?

João Torres disse...

Almoço? Eu posso.

Cristina Gomes da Silva disse...

Moi aussi!

CCF disse...

Boas perguntas dentro de um texto bonito. E mais uma companhia!
~CC~

Nenúfar Cor-de-Rosa disse...

É maravilhoso verificar como uma imagem vale mil palavras! Todas diferentes, tantos mundos que cabem numa foto...para uns determinado significado, para outros, outra coisa diferente...por isso mesmo, para sentir todas estas humanidades, valem bem estes desafios!! Parabéns à autora e parabéns ao desafiador. Bjs.

deep disse...

"Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo." disse-o a Sophia (em Dual)...

Não podemos deter o tempo, contudo podemos "enganá-lo", valorizando as experiências que nos vai oferecendo e assim se mantém também acesa essa chama. :)

Anónimo disse...

Escutas o tempo, e que hábil sabedoria , deixas por explicar o desencanto, compreendo , assim se vão indo , os dias sem amarras nessa corrente imperceptível que vagueia no teu olhar atento , como se dispersasse, e no entanto, converge... O tempo dirá de ti em cada nós , em cada dia que passará por ti e connosco na nossa ou tua ausência... és una talharei aqui a diferença....
Andei a indagar e a ouvir falar sobre o povo das estrelas, depois de longo silolóquio comigo mesmo, dei por mim a olhar o céu e encontrei uma estrela , a grande estrela que habita as paisagens
e se demora nelas com a lua , não indiferente ao vento , tão-pouco ao sol ... mas do amar vêm correntes
de água , muito mais do que outras mergulhadas, e que são nada ... por ti passam os dias , por ti falamos nós , nos dias contigo... Se houver um alfabeto de luz , tu és a letra de àgua e eu conheço a tua posição central nesse alfabeto , como todos nós andarás de companhia com todas as outras letras sempre no movimento dos dias.. abraço forte
josè Ribeiro Marto

Cristina Gomes da Silva disse...

Só mesmo tu para escreveres estas coisas, ZM. Abraço do princípio do tempo