sexta-feira, 11 de julho de 2008

Correntes


a lagartixa passeia ao rés da parede
não se vê, há a sombra na luz do girassol
erguendo a casa
há adiante o barco azul no tacto das pétalas,
há a luz do adejar do réptil

e vai beber a sede do meio dia despedaçado
na raiz da madeira feita de penumbra
já diz dela o girassol
uma semente caida viva

há a luz no dia em ponto
há luz do barco partido
jacente no horizonte

é meio dia de sol ,
dá o brilho do tempo reflectido,
dá do girassol a lágrima verde , amarela

há horas, há a porta , há um ruído surdo
um coração de sol
que deu mundo, agora vibra

há um coração de pão e peixe
na janela esquecida,
está do barco ausente ,
está na morte

o barco a semente
o pinheiro a sombra a alegria
a morte esquecida num só dia

o barco talha o sol , o barco talhou a vida
em ponto ao meio dia

José Ribeiro Marto ( inédito 2008)

1 comentário:

Anónimo disse...

... e há um poema em que as palavras emanam luz! :)

Bom fim-de-semana.