sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Desafio...

Este é o último dos sete textos que recebi. A todas(os) muito, muito obrigado.

Senti que não saberia escrever a história que a imagem tinha para contar... Agora existem sete histórias lindas, aqui escondidas, onde provavelmente ninguém as lê....

Os textos continuam a ser propriedade de quem os produziu. Caso os queiram levar daqui, devem entrar em contacto com os seus autores. No caso de não estarem identificados, eu posso servir de intermediário.

(Ver todos os textos)


Nasci em Lourenço Marques, onde vivi até aos meus 6 anos, sempre a brincar descomplexadamente, com tantas outras crianças negras e, como tantas outras crianças negras. Nunca senti diferenças...
As brincadeiras eram gozadas em grupo, onde todos participavam. Sabíamos todos correr, rir, saltar e até chorar.
Cedo senti que a cor da pele não faz de nós seres diferentes.
Cedo percebi que uma lágrima deixada cair num rosto negro, não era em nada diferente às deixadas cair pelo meu.
Cedo verifiquei que um joelho dorido negro, sentia uma dor igual à minha.
Já foi mais tarde, mais crescidinha, que comecei a reparar nas diferenças. Curiosamente, quando comecei a estar mais atenta para estas questões, já nem vivia com pessoas de cor diferente da minha.
Descobri o egoísmo, a hipocrisia, a falsidade, a desumanidade, a indiferença, a pobreza de espírito... E percebi que essa é a real diferença que nos repele e separa, e que infelizmente não é visível a olho nu...

1 comentário:

Nenúfar Cor-de-Rosa disse...

Paula: tb eu nasci em LM (Maputo), tb eu tenho "Paula" como primeiro nome e tb eu saí de lá com 4 anos e não com 6. Cresci não sentindo diferenças de espécie alguma quando brincava com outras crianças. Só mais tarde é que abrimos os olhos para a diferença imposta por algumas pessoas, imposta, porque ela na realidade não existe!