quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Continente de afecto



Há na minha família, que alguns dos meus colegas psicólogos chamariam disfuncional por ser um arquipélago de afectos em vez de uma estrutura hierárquica de poder, um amor constantemente posto à prova. A vida tem colocado pedra sobre pedra em cada um dos nossos caminhos ou mesmo no trilho comum. Por vezes achamos que poderemos repousar, mas nunca é assim, há sempre qualquer luta a travar. E de cada vez que isso acontece, este amor sai renovado, reforçado, sempre maior e diferente, acompanhando o crescimento de cada um de nós. É por vezes um amor conflitual, o que lhe dá a a textura das coisas reais e o afasta do perfume etéreo de certas famílias perfeitas. No entanto é, na sua imperfeição, a minha família perfeita.


Ontem a irmã mais nova, uma sobrevivente, cuja gravidez de alto risco escondia uma luta pela sua própria vida uns anos antes, conseguiu aumentar a minha família com a gente mais pequena que alguma vez vi: um menino com apenas 673g, menos peso que um pacote de leite. Impressiona a sua imagem de fragilidade, mas a minha filha, a segunda a vê-lo por se ter intitulado com toda a sua esperteza como mana dele, disse apenas: é tão bonito! E aquela alegria dela fez brilhar mais os olhos da minha irmã.

Na Indía nasceu a mais velha cujo aniversário se comemora hoje, trouxe para sempre com ela a pimenta e a canela e com elas na pele tem enchido a nossa vida. Nunca se deve deixar de dizer a alguém o quanto é importante para nós, mesmo que essa pessoa já o saiba, é isso que faço agora.

Todos os outros são únicos em beleza e singularidade, mas hoje escolho estas duas para exprimir o meu amor. Se mais não houvesse, já me servia para isto este "ninguém lê".

~CC~

5 comentários:

Gregório Salvaterra disse...

Um grande abraço à família.
É um privilégio conhecer essa singularidade. Força Ruca!
Beijo
*jj*

Anónimo disse...

E eu tenho razão. O meu "mano" é lindo. Pequenino mas lindo.Mas nem tudo nele é pequeno, ele tem umas grandes pestanas, o que é sinal de sabedoria.
Já disse a tudo o mundo e arredores que nascera o meu "mano" e que ele era lindo. Por isso resumindo tudo, a unica coisa que tenho a dizer é que:
O MEU "MANO" É LINDO.

João Torres disse...

Um grande abraço a todos os membros dessa família, em especial ao mais novo que, tenho a certeza, terá também um coração grande!

Cristina Gomes da Silva disse...

Que a força da vida não o abandone. Bjs

Anónimo disse...

Parabéns família. :)

Madalena.