terça-feira, 4 de setembro de 2007

Amolecimento

Foi há muitos anos que o li. Descreve as relações humanas de tal modo que, à medida que crescia e ecoavam na minha cabeça as suas palavras, me fui interrogando sobre a minha qualidade de ser humano. São assim os romances, povoam-nos a imaginação e fazem-nos desejar viver folhas de uma vida de papel.

A arrumar livros encontrei, dentro de "um" Eugénio de Andrade, um pedaço de papel onde tinha anotado várias citações de Os nós e os laços, de António Alçada Baptista. Retomo aqui uma delas à distância de 20 anos e actualizo-a num trabalho da Pública de domingo passado, intitulado Os portugueses estão mais deprimidos? (Texto de Inês Barros Baptista Fotografia de Nuno Ferreira Santos).

"Hoje...os angustiados vão aos neurologistas que lhes dão remédios para diluir a memória e com ela as razões próximas das angústias. Perdeu-se o frémito para as grandes causas mas também se perdeu o frémito para vibrar com grandes angústias. Fica uma amargura mansa, povoada de nostalgias brandas da felicidade, da alegria, dum empenhamento qualquer que valha a pena." in António Alçada Baptista, Os nós e os laços, p.112

1 comentário:

CCF disse...

Também li por alto essa entrevista e pareceu-me uma boa abordagem. E sempre achei que alguma angústia tinha que acompanhar a nossa vida neste mundo tão imperfeito...mas depressão não é isso...é outra coisa ainda: imagina simplesmente que queres respirar e não consegues.
~CC~