Pouco a pouco como acontece nas cidades que vivem devagar e voltadas para dentro fico a saber mais e mais sobre a visita do excelentissímo senhor.
Ele não escolheu a fortaleza para ficar, talvez porque não saiba falar com as pedras antigas, pois sempre preferiu o asfalto a cheirar a novo. Mas a fortaleza é o lugar que mais sabe da cidade, podemos lá ficar horas a escutar. Mas talvez ele só quisesse falar, dizer cantos, por exemplo. Cantos é uma palavra polissémica de grande intensidade.
Ele escolheu um lugar novo, obviamente cheio das estrelas máximas: as cinco. E com uma suite com o título adequado, cujos assessores, dizem em que número de trinta (é tão belo este imaginário popular que gosta de ver a dobrar) a vistoriaram cuidadosamente.
A vista de lá também é de um azul de arrepiar o olhar e os assessores gostaram. Já as andorinhas eram a mais enchendo o céu junto às árvores, eram quase incómodas naquelas danças tontas e tontas de voltas e voltas. E não se podia fazer nada. Não se podia amarrá-las ou propor-lhes uma viagem curta. Não se podia calá-las, talvez o ideal para treinar os cantos.
Contudo a esperança é grande, mesmo grande. Se o senhor viu as andorinhas ao cair da tarde em toda a magnitude daquela aguarela, então ele talvez não fique exactamente o mesmo. E espero pelos cantos no próximo ano. Fico a imaginá-lo, num fervor a dizê-los, com os olhos cheios de andorinhas.
Volte para o ano por favor.
~CC~
5 comentários:
...olhos cheios de andorinhas... a mim povoam-me os sonhos
A vista de lá é mesmo muito bonita... E, embora uma noite seja um pouco cara, sempre podemos tomar um café e aproveitar a vista!
CC, olha só esta moderna casa na árvore! :)
O link é um bocado comprido, espero que consigas visualizar.
http://www.vivercidades.org.br/publique222/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1211&sid=25
Jota, é linda, linda!
Obrigada
~CC~
...só não percebo uma coisa: porque dás tanta importância a esse senhor?
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