quinta-feira, 17 de maio de 2007

Sentidos desatados

Desataram-se-me os sentidos esta manhã. Calor, céu azul, luz transparente o verde do chão e o branco das colunas destes claustros. Uma vontade irreprimível de estar com os amigos, com os amores, com os que têm mundos próximos dos meus. Talvez porque Satie faz anos. Talvez porque me apeteceu reler Cavafy.

Desejos
Como corpos belos dos que morrem sem ter enve-
[lhecido
- e são guardados, em lágrimas, num mausoleu mag-
[nífico
com rosas na fronte e com jasmins aos pés -
assim os desejos são, desejos que esfriaram
sem serem consumados, sem que um só fruísse
uma noite de prazer, ou uma aurora que a lua inda
[ilumina.
Constantin Cavafy, 90 e mais quatro poemas, Coimbra, Centelha, 1986,
Trad. Jorge de Sena

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