terça-feira, 8 de maio de 2007

"Brevíssimo Crepúsculo"

Sempre me impressionou a história de Luís Miguel Nava e, com as devidas distâncias, estabeleci paralelos com a de Pier Paolo Pasolini. Relendo-o hoje, apeteceu-me partilhá-lo aqui, a estas horas crepusculares.


Brevíssimo Crepúsculo

Escrevo, o que não deixa de, por meias
palavras, fazer ver as ondas ascendendo
do fundo dos baús.

A água a contas com as trevas.

Fascinam-me essas ondas, bem como uma pedra às mãos
de quem procura abrir nela um sorriso, o céu
que neste poema sei subentendido e apenas
aos olhos dum rapaz a paixão trouxe num brevíssimo
crepúsculo antes de ganhar velocidade e, nos meus ombros,
as mãos desse rapaz quase de rapariga prontas
a voar. Sinto a romper na boca os dentes como a ventania.

Luís Miguel Nava (1957-1995)

2 comentários:

CCF disse...

Que bom foi ir ao crepúsculo contigo e com a florzinha! Quando é o próximo?
~CC~

Cristina Gomes da Silva disse...

Vamos escolhê-lo. A florinha murchou um bocadinho. Queria dormir contigo. Foi bom, sim:)