quarta-feira, 16 de maio de 2007

301

Nos dias de maratona acordo já a correr, saltando do insconsciente feito de pólen dos sonhos para os 301 obstáculos e quando dou conta já estou a meio da ponte Vasco da Gama. É nessa ponte que qualquer corrida deve valer a pena, sobretudo se em marcha lenta para namorar os flamingos.

Falava do pólen pois, é que no meio da corrida de ontem ou na de hoje ou até mesmo na que farei amanhã, há minutos e minutos de paragem feliz. Não, não é a parte em que corto a fita e recebo o sumo e a sandes. É quando chego perto do interior das flores. É quando me saltam letras para os olhos sem que as consiga tirar, como acontece com as 3 noites, 3 filmes de debates sobre a emigração portuguesa em França, não só pela qualidade e originalidade do acontecimento, como pelo folheto e pela beleza da fotografia que o ilustra, impossível hoje de reproduzir aqui. E é ainda quando compro livros em línguas que não compreendo como aconteceu na livraria do instituto, não só pela irracionalidade que acompanha o meu viver, como pela fantasia de pensar que um dia vou acordar a falar Francês. As corridas são atravessadas ainda por momentos de namoro intenso, como aconteceu hoje com um polvo em cartão, pendurado na sala dos meninos da Arrentela. Eu acho mal que tenham polvos malendrecos deste tipo na sala de aulas, ainda por cima com a desculpa que são inspirados na história da menina do mar. Tive que que lhe implorar que me deixasse continuar a maratona, mas no final da Ponte Vasco da Gama ainda ia a lembrar-me dele.

Amanhã deve aparecer-me um peixe estrela, uma exposição de sapatos usados (ai, sempre sonhei com uma exposição destas) ou um cometa feito de pó amarelo em passagem meu horizonte. Só espero que não apareça o gato do país da Alice porque tenho medo dele e é um medo muito e tão antigo que não consigo ultrapassar. Qualquer dia (quem sabe) faço uma careta ao gato e de seguida um sorriso ainda mais trocista que o dele.

~CC~

PS- sabem meus queridos amigos, eu só vinha dizer-vos que este post é o 301 desde que escrevemos onde ninguém lê, mas como a frase era muito curtinha, escrevi umas quantas parvoíces, pelas quais espero o vosso perdão.

3 comentários:

j disse...

À primeira leitura, até parecia um pequeno delírio surreal mas, depois, percebe-se que é a fantasia da vida, assim largada, em letra maratona. Nunca se sabe quando os sapatos velhos de uma exposição desatam num formidável sapateado. :)

Cristina Gomes da Silva disse...

Uff! maratona foi ler-te neste post. Disparaste em quantas direcções? Tantos caminhos que nos sugeres! Quanto ao francês...on peut commencer aujourd'hui. Et aprés on continue jusqu'à la fin de la poésie. Bises

CCF disse...

Ainda vou fazer esta exposição, com animação de sapateado e poesia em francês...Desculpem vos ter feito correr, é assim que têm sido os meus dias.
~CC~