Começa assim uma canção do José Mário Branco no Ser Solidário (se não estou em erro), que vinha de longe e sabia do que falava. Lembrei-me dela, hoje, ao ouvir o líder do PNR. Não vou reproduzir aqui, mas, como eu, muitos de nós devem ter ouvido e acho que não podemos ignorar...
Desenho do amigo Jean-Luc com as crianças
Dizem os especialistas que o medo se gera relativamente ao desconhecido, porque quanto ao conhecido, mesmo perigoso, mesmo arriscado, já criámos defesas. Não estou certa. Conhecemos sobejamente o que movimentos análogos engendraram no passado, prolongando memórias feridas até ao presente. Em surdina, há um labor continuado que considero perigoso. Como se a morte saísse à rua num dia assim, vai ressurgindo a espaços a expressão da violência, do racismo, da xenofobia. Vem do lado dos que não pensam com o coração e dos que exibem crânios rapados, despidos de artifícios. Sentidos únicos de brancas vertigens. Sem colorido.
Vinte skinheads foram detidos. Indícios de comportamentos xenófobos foram detectados. Mas, e os outros? Os que não rapam as cabeças mas se despem, sem qualquer pudor, de respeito pelo outro, pelo que é diferente, pelo que não gostam...
Receio a impotência perante o ódio cego e surdo. A impotência daqueles que cruzam os braços. Não quero um mundo a preto e branco.
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