quarta-feira, 25 de abril de 2007

Por um punhado de sal...

E nunca lhe ocorreu que a vontade de Deus possa ser que esses recursos do mundo, os quais diminuem a olhos vistos enquanto estamos aqui a falar, vão parar às mãos de almas cristãs civilizadas com um modo de vida cultural melhor do que a maioria dos selvagens atrasados do planeta?

in O canto da missão de John le Carré p. 343, Dom Quixote

Deve ser impelidos deste espírito humanitário que empresas como a Sodefor fazem, segundo a visão nº737 (p. 146), contratos onde constam artigos como:

Artigo 2. A Sodefor dá, a título de pagamento habitual de entrada na dita floresta o que se segue: 2 sacos de sal, 18 barras de sabão, 4 pacotes de café, 24 garrafas de cerveja e 2 pacotes de açucar."

Devem mesmo ter perdido a cabeça! Só em cerveja são duas grades!

Bom estava também incluído uma espécie de seguro de saúde uma vez que, no Artigo 6 se estabelecia que, em caso da morte do cônjuge ou de um parente em primeiro grau, a Sodefor facilitará (o que qererá dizer que dá ou vende mais barato?) a aquisição das pranchas para o caixão se as tiver disponíveis.

Penso que esta última parte é muito importante e com certeza custou mais um saco de café e um de açucar para o advogado que pensou e redigiu tal contrato... Não vá alguém exigir mesmo as tábuas para um caixão e a empresa, que se dedica à exploração de grandes quantidades de madeira, não ter nenhuma disponível. Seria certamente um embaraço legal que deve ser evitado!

É este o mundo em que vivemos e a Sodefor é portuguesa!

4 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

Encontro alguma ironia no nome desta empresa...

CCF disse...

Esta é boa!!!!E eles resolvem assim qualquer sofrimento contra esse pagamento em géneros?
~CC~

Cristina Gomes da Silva disse...

Então, mudou de nome? Não importa. O procedimento continua a ser deplorável.

João Torres disse...

Olá Cristina, só quando vi a tua mensagem reparei que tinha escrito o mal o nome da empresa!
Sofredor era muita mais apropriado!