segunda-feira, 16 de abril de 2007

Eu fiquei muito tempo a ver a foz do rio. Fiquei ali parada a pensar como se encontram às aguas. Eu deixei crescer mais e mais a Primavera até chegar a um lugar em mim sem possibilidade de regresso. E depois alguém dentro de mim que era eu mas era outra deu-me o sinal da contigência da volta. E eu agora estou aqui e parece que já não sei nada. Eu já desaprendi de estar aqui. Não saber bem qual é o meu lugar faz parte de mim desde o tempo da perca das certezas(assim até aos 30 eu sabia tudo o que iria ser e qual era o futuro que desejava). Mas agora as certezas são melhores, já não são alimentadas da superficialidade dos factos, das carreiras, dos saberes, elas agora desenham-se em cada tempo. Então eu sei dizer. Eu estive num tempo desenhado do mais belo que a natureza tem. E claro, por beber a luz das águas eu tornei-me mais luminosa.
~CC~

3 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

Foste ao rio ou à Fonte dos Milagres? Hoje de manhã parecia mais a segunda ;)

Luísa disse...

Ou não será o 'milagre' de nos reencontrarmos connosco mesmas, de nos vislumbrarmos no silêncio das águas?

Anónimo disse...

Eu acho que tudo isto se deve à magia das marés... Junto à foz, umas vezes o rio corre para o mar; noutras é o mar que corre para o rio. Assim num concerto de cumplicidade.
Abraço
JJ