quinta-feira, 29 de março de 2007

Resistência

Há dias em que o abismo parece abeirar-se de nós a qualquer momento com a sua sombra sorrateira quase a sorrir-nos. E nem sabemos como nem onde vamos buscar a energia para lhe fugir e até lhe fazer uma careta: deitar-lhe a língua de fora!
~CC~

3 comentários:

Anónimo disse...

Só quem está vivo corre o risco de cair no(s) abismo(s).

João Torres disse...

Os abismos fazem parte da vida... E as caretas de língua de fora também... Esperemos que não haja muitos desses dias agora que aí vem a primavera!

Anónimo disse...

Tive que procurar muito e encontrei

"É natural que quem quer "elevar-se" sempre mais, um dia, acabe por ter vertigens. O que são vertigens? Medo de cair? Mas então porque é que temos vertigens num miradoiro protegido com um parapeito? As vertigens não são o medo de cair. É a voz do vazio por debaixo de nós que nos enfeitiça e atrai, o desejo de cair do qual, logo a seguir, nos protegemos com pavor. (...)
Poderia dizer que ter vertigens é embriagarmo-nos com a nossa própria fraqueza. Temos consciência da nossa fraqueza, mas, em vez de resistir-lhe, queremos abandonar-nos a ela. Embriagamo-nos com a nossa própria fraqueza, queremos ficar ainda mais fracos, cair por terra em plena rua à frente de toda a gente, ficar por terra, ainda mais abaixo do que a terra."
(Milan Kundera- A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER)

E poderíamos nós viver sem nos embriagarmos por vezes, como diria Baudelaire, com vinho, com virtude, com poesia?
Fico às vezes tão abismado com a existência que não pára de me surpreender...
JJ