domingo, 11 de março de 2007

Alqueva II



O Congresso

Comecei cedo a frequentá-los e cedo me cansei deles. No mercado do conhecimento tudo se vendia da mesma forma que em qualquer lado, cansavam-me os pedantes, os dancantes, os cantantes. Não fora me ter reconciliado o ano passado com a academia aceitando que a recusa em nada a transformava e esta reconciliação teria acontecido no fim de semana passado com o I Congresso das Açordas. Não estou a brincar, eu fui ao I Congresso das Açordas! As comunicações tinham títulos tais como "As açordas com que cresci" ou "Acorda nossa de cada dia" e a exposições eram autênticos reportórios de cheiros e sabores. Era tudo normal, igual ao que se passa em qualquer congresso com moderações, comunicações e comentários. Era tudo estranho porque estavámos ali no mais profundo Alentejo e o tema era a Açorda, coisa sobre a qual não imaginava se poder falar nem saber tanto e muito menos encher programas de dois dias. Hesitei por momentos. Por um lado rejeitava a importação do modelo, sentindo que nem ali já se podia viver livre de congressos(confesso, uma espécie de saudosismo por um mundo rural puro, perto da terra), por outro suscitava em mim verdadeiro divertimento aquela adaptação do modelo, achando que sim, que de transformação das coisas e da mistura delas é que nasce o que é mais engraçado na vida(e essa coisa do mundo rural já nem existe a não ser na nossa fantasia).

Certo é que a Vila de Portel respirava vida e as pessoas pareciam felizes com o seu congresso. Pois que SIM.

~CC~

1 comentário:

João Torres disse...

Congressos, Alentejo e Aaçordas... Só podia ser um congresso apetitoso!