terça-feira, 21 de novembro de 2006

O que somos, queremos ser, seremos e nunca o seremos

Compreendo tanto o Fernando...tenho o sentido da unidade de mim alicerçado em meia duzia de valores e numa dada visão do mundo mas queria ser e fazer tantas coisas diferentes que não me chega esta vida ou o que ela me permite fazer...o que me cansa é sentir e pensar e querer ser tanta coisa e não dar sossego a mim própria, talvez eu esteja assim nas antípodas dos meus companheiros ou do que eles me dão a conhecer deles...

Leiam este homem...eu (também) queria fazer o que ele faz...

Nas montanhas mandara

"A aldeia seguinte tem uma novidade: estamos já na Nigéria. Atravessamos a fronteira, depois de passar aquela ávore-avisa Mafa. Se quiséssemos explicar África pelos factos, pelas estatísticas, pelos mapas, teríamos agora mudado de nação, de língua oficial, de moeda, de indicadores económicos. Na realidade continuamos exactamente no mesmo universo cultural, na mesma área étnica, na mesma religião animista, no mesmo subdesenvolvimento, onde nos encontrávamos há vinte passos atrás. A fronteira entre os Camarões e a Nigéria é mais uma dessas anomalias herdadas da colonização de África pela Europa. A linha de fronteira entre os dois países divide 14 áreas étnico-culturais. Ao longo do continente africano, as linhas de fronteira europeias dividem cerca de 177."
Gonçalo Cadilhe (Jornal Expresso nº 1776, 11 Novembro 2006).

Ontem estive no Bairro da Bela Vista, onde as fronteiras são também estranhas...

E para completar...o Fernando por ele próprio:

Sonho sem fim nem fundo
Durmo, fruste e infecundo
Deus dorme, e é isso o mundo.

(Fernando Pessoa, poesias inéditas)

CC

1 comentário:

João Torres disse...

Olá colegas poetas....

estou a gostar de todos estes poemas e reflexões... Onde estarão as verdadeiras fronteira? Aqelas que separam o bem do mal... O que é o bem, o que é o mal? Será que o que é bem aqui, é mal vinte passos à frente? Tanta questão!!!

Bjs