domingo, 30 de setembro de 2007

Direitos Humanos

Escola do Magistério Primário de Benguela, Setembro de 2007

Em Angola, numa terra onde a liberdade já se pode pronunciar mas cuja grandeza está por saber e sentir, trouxemos para dentro da sala de aula para conhecer e discutir a Declaração dos Direitos Humanos. Guardo muita emoção das palavras ditas e das histórias contadas, numa luta que é a mesma ali e em todo o lado. Agora é Birmania o nome que mais nos ocorre com carácter de urgência. Quando os holofotes televisivos baixarem sobre o país, é preciso ainda assim não nos esquecermos. É preciso trazê-los para dentro da escola, mais ainda para dentro de nós.
~CC~

Terra Conterrânea II


Benguela, Setembro de 2007

É muito cedo que chega a manhã, o sol que neste tempo de fim de cacimbo é quase só claridade, aparece por volta das 5h30m. A partir dessa hora, o movimento de venda acompanha o andar das mulheres e das crianças pelas ruas da cidade, seja que dia de semana for. Os rapazes fazem em casa o gelado de pau e corante de sabor a que chamam picolé e guardam-nos nestes carrinhos coloridos que passeiam como se fossem brinquedos. Quando a freguesia escasseia, eles tornam-se apenas meninos com sede de mergulhos, deixam na areia a pouca roupa que trazem e nadam como peixes. Os carrinhos esperam, os clientes, se aparecerem, também esperarão.

~CC~

Cavalo branco....

Gostava de ter um cavalo branco...
Como os príncipes nos contos de fadas!

Scratch


Papert defende que as crianças podem, e devem, programar computadores desde tenra idade. Criou a linguagem da tartaruga (Logo) e, por tudo o mundo, as crianças começaram a dar ordens aos computadores para fazer desenhos no écran. Há uns anos vi crianças, que ainda não tinham 6 anos, a comandar a "tartaruga noninha" que, sobre papel cenário, deixava rasto pelo chão da sala do infantário. Os comandos eram simples mas o poder de decidir o que fazia estava nas mãos daquelas crianças e sobretudo nas suas cabeças.

No MIT, a que Papert está ligado, os cientistas continuam a desenvolver linguagens de programação, cada vez mais acessíveis e poderosas, vocacionadas para os mais jovens.

Scratch é uma dessas linguagens de programação que permite, a crianças a partir dos 8 anos, fazer projectos onde podem juntar imagens em movimento com sons para depois, com um simples clique, os partilhar com todo o mundo. Nem é preciso saber escrever! Basta ler, ter imaginação e sobretudo pensar!

O programa pode ser descarregado gratuitamente e existe já para Windows e Mac estando prevista uma versão para Linux para o fim de 2007. Descobri-o num encontro promovido pelo Centro de Competência CRIE da Faculdade de Ciências, na passada quarta-feira. Hoje falei dele ao meu filho de 13 anos e passado pouco tempo estava entusiasmado com o seu primeiro projecto de programação! O resultado foi o Catfoot e por detrás das horas que passou com o projecto há muita matemática, acreditem!

Parabéns A...

sábado, 29 de setembro de 2007

Os nós e os laços

Bom fim-de-semana

Feira do cavalo...

Sorri, estás a ser avaliado!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

"Eu só lhe pergunto se é assim que o país anda para a frente"

Tempo de teia....

Tempo de teia.... diário de uma professora.... passem por lá..... gostei tanto de ler.... que sorte têm estes alunos.... ou ainda uma série de outros títulos que me vêm à cabeça depois de ler isto!

Um beijo 3za, obrigado por partilhares tão bem o modo como vês, sentes e vives a profissão!

A culpa é da Net!

Se se relacionar virtualmente com alguém tenha cuidado... pode ser que seja o seu marido ou a sua mulher! Foi o que aconteceu a um casal bósnio. Segundo nos conta o Murcon, ambos desabafavam os seus problemas matrimoniais a amigos virtuais e qual não foi o seu espanto quando, no primeiro encontro, descobriram que poderiam ter tido todas as conversas à noite na cama! Agora o casal está a divorciar-se , o que no mínimo é estranho uma vez que se apaixonaram pelo menos duas vezes, e a culpa é da Internet! Ou não?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Terra Conterrânea I

Praia Morena, Benguela, Setembro de 2007

Voltei da terra em que os meninos brincam livres e sós do amanhecer até ao entardecer.
E nunca choram mesmo quando achamos que o deviam fazer e bem alto. Talvez não o façam porque não há ninguém para ouvir. Talvez escolham rir, mesmo que por futuro só tenham um mar quente cor de prata.
~CC~

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Onde foi tirada esta foto?

Blogue that nobody reads!

Alguém andou a ler..... em inglês. Não deve ter percebido grande coisa....

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Músicas que me fizeram assim VI





PS: Apesar dos teus protestos, JVT, acho que vais gostar desta. Pronto, eu não ponho mais "Youtubes". Vou registá-las todas e oferecer-te pelo Natal :)

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

~CC~

Sabes que ficámos contentes por ires... Não (só) por nos vermos livres de ti, mas por sabermos como, para ti, era importante voltar lá (isto são as minhas 3 aulas de psicologia a falar!)... Mas, alguém te disse que podias ficar doente? O combinado não era apenas: matar saudades, trabalhar e voltar na data marcada cheia de fotos e histórias?

Volta depressa, a Cristina está a encher isto com vídeos do YouTube....

Pedro Alpiarça...



Fazes parte do leque de amigos que nunca conheci....
Mas eras meu amigo porque me fazias rir...
Gosto do teu trabalho e espero que, estejas onde estiveres, encontres paz e estejas "mui bien, mui bien!"

Rescaldo

C., 4 anos - Desenhou-o e chamou-lhe Laços e luzes


Leio aqui a tristeza magoada de um amigo que perdeu outro. Não lhe conheço o nome, nem lhe conhecia os traços agora divulgados, mas leio em imprensa variada que o actor se suicidou pela insuportabilidade da doença que o acompanhava e pela dificuldade em obter assistência adequada por parte do Serviço Nacional de Saúde. Tinha lido noutro blogue, ainda antes desta notícia, um post sobre as difíceis condições de vida de alguns "intermitentes do espectáculo"...

Os espectáculos podem ser intermitentes, a vida não.

domingo, 23 de setembro de 2007

Marcel Marceau






Agreste foi este Verão de 2007. Levou-nos tanta gente, não diria insubstituível, mas seguramente com um lugar que ficará com a marca da ausência.

Músicas que me fizeram assim V

Músicas (e filmes) que me fizeram assim IV

Músicas que me fizeram assim III

Músicas que me fizeram assim II

sábado, 22 de setembro de 2007

Músicas que me fizeram assim I

Muros de Berlim

Discutia-se hoje, num seminário sobre educação matemática, a pertinência de uma determinada medida ser tomada e assumida a nível nacional. No grupo onde estava inserido levantavam-se vozes a favor mas também algumas de colegas que pensavam que a proposta seria demasiado "radical". Então um colega falou da queda do muro de Berlim. Por vezes temos que fazer abanar o sistema, não basta abrir umas portas no muro para deixar as pessoas passar, é preciso deitar abaixo, tomar medidas radicais.
Já ao almoço voltamos a falar dos "muros de Berlim" e o mesmo colega falava dos seus próprios muros e de como, uma bela manhã, acordou e sentiu que, na sua vida profissional, alguma coisa não estava como antes... Não tinha sido uma pequena mudança tinha sido uma autêntica queda de um muro que julgava estável para sempre.

Todos nós temos os nossos próprios muros, concluímos, e todos eles podem um dia vir abaixo.

Curiosamente lembrei-me de uma conferência do professor Roberto Carneiro onde apresentou casos de pessoas que um belo dia resolveram recomeçar de novo. Tinham empregos e vidas estáveis e resolveram largar tudo e recomeçar do zero num outro lugar. Alguns são mesmo casos de sucesso a nível mundial como um americano que resolveu um dia largar o emprego para criar uma empresa e vender livros pela Internet que ele próprio, com a ajuda da mulher, embalavam na garagem. Essa empresa é hoje a amazon.com! Essas pessoas conseguem ser elas próprias a deitar abaixo os seus "muros de Berlim" o que, na maioria dos casos, não deve ser tarefa fácil!

(*) Imagem retirada de http://pt.wikipedia.org/wiki/Muro_de_Berlim

Um passo atrás do outro

Vida secreta. Vidas secretas que todos temos. Inconfessáveis, inaudíveis, sussurrantes, invisíveis. Tudo isso. Desejos que esmorecem e se apagam como velas sopradas por vendavais. Outros que frutificam desenhando árvores férteis, frondosas, generosas.




Jacques Brel _ La Chanson des Vieux Amants

Mas, nem sei porque escrevo tudo isto. O propósito inicial era partilhar uma ou duas frases da Vie Secrète de Pascal Quignard.

"Il y a dans toute passion un point de rassasiement qui est effroyable (...) Ou bien l'amour surgira de la passion, ou il ne naîtra jamais" (in Vie Secrète, Pascal Quignard, Gallimard, 1998)

"Mysterious Skin"

Acabei de chegar a casa depois de ver Mysterious Skin. A imagem do rosto do protagonista colou-se à minha pele e, ainda não sei porquê, mas vindos cá de dentro, muito baixinho foram-me chegando aos ouvidos os primeiros acordes de Luka de Suzanne Vega.


22 de Setembro

Vladstudio Connection

Um olhar impregnado de magia. Senhora de duendes e outros personagens fantásticos tem-nos polvilhado os dias de fantasia. Às vezes é difícil fazê-la descer daquela nuvem em que se empoleirou um dia, quando era menina. Diz que do alto vê melhor. Diz que assim o coração ganha distância e respira mais solto. Não é particularmente afável nos primeiros contactos, navega distante. Mas, que poderíamos pedir a quem vive numa nuvem?

Deixa à nossa disposição uma mão cheia de estradas e caminhos por fazer. E oferece-nos chás ao crepúsculo com um “serviço” acrescido de adivinhação dos nossos impossíveis futuros.

Bom dia para ti, minha amiga, um dos presentes é virtual e está escondido aqui , depois de entrares é só clicares no separador The Cards.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A minha T/Serra

Para o fim-de-semana II

Para o fim-de-semana I

Bach. Sempre




Glenn Gould, o músico que tinha "medo" do público.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Escolas onde se dorme.



A minha aldeia é tão pequena que já nem tem escola (nem é aldeia... é um lugar!)... Ou melhor, é tão pequena que até se pode dormir na escola!
Com as cegonhas em greve, alguém resolveu aproveitar as antigas escolas das aldeias do concelho para fazer apartamentos que se podem alugar.
Lembro-me do tempo em que a sala única tinha quatro filas de mesas e cadeiras, uma para cada ano, onde se sentavam cerca de 15 alunos da minha aldeia e de outra vizinha. Os colegas que, como eu, não viviam a 300 metros da escola andavam todos os dias, a pé pelo meio de castanheiros, cerca de dois quilómetros, que separavam a minha aldeia da deles. Lembro-me que tinham direito a umas capas para a chuva e um par de botas de borracha de cores garridas. Lembro-me de também querer umas botas de borracha e de ir, de propósito e também a pé, a outra aldeia (que não era a deles) para as comprar.

Agora as cadeiras e mesas deram lugar a sofás e televisores. No verão havia pessoas, que ninguém da aldeia conhecia, que dormiam na escola. Quando passavam de carro, numa aldeia onde se conhecem todos os carros (não as marcas, mas os donos) alguém dizia invariavelmente... "devem ser os que dormem na escola".

Talvez um dia , também eu durma na escola. O que, a acreditar na minha professora de Biologia do 12º ano, não seria a primeira vez.

Do amor e da traição

Foto: BSP, Assembleia da República, Lx, 2007

"Só quem ama se pode converter num traidor. A traição não é o reverso do amor: é uma das suas opções. Traidor, julgo, é quem muda aos olhos daqueles que detestam mudar e não mudarão, daqueles que detestam mudar e não podem conceber a mudança, apesar de quererem sempre mudar os outros."

in Amos Oz, (2007), Contra o Fanatismo, Porto, Ed. ASA, p.15

terça-feira, 18 de setembro de 2007

"EM CARTAZ..."

Segundo José Pacheco Pereira o que está em cartaz é uma tragédia. Uma análise inteligente que, parece-me, deveríamos ler com atenção. Ajuda a revisitar criticamente alguns "fantasmas" culturais, e, sobretudo, faz-nos interrogar este hedonismo que nos há-de tolher a generosidade de sermos, também para os outros.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Flores...

domingo, 16 de setembro de 2007

Maria Callas

Morreu há 30 anos, 16 de Setembro de 1977. É uma das vozes que me emociona de cada vez que a oiço.

sábado, 15 de setembro de 2007

O dedo na ferida

Acabo de ler, lá na teia, um texto da 3za...
Se são professores, passem por lá... vale bem a pena.
Se não são, passem também.

Bom fim-de-semana

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Notícia de última hora....

Vejam aqui....

Ps. estamos com uns problemas no "template"... Como ninguém lê, também ninguém deve ter reparado... mas, mesmo assim, estamos a tentar reparar, acreditem!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Diário de mãe

Eu também (man)tenho um. Comecei a escrevê-lo há dez anos atrás. Foi nas suas páginas que registei as minhas perplexidades, os meus receios, as minhas angústias desde o primeiro momento em que soube que estava grávida. De esperança, certamente, mas também de muitas interrogações. Foi lá que, ao longo de todo este tempo, “desabafei” tristezas e contei alegrias, muitas estas últimas, por sinal. Tudo isto foi renovado há 4 anos quando nasceu a segunda. É lá que registo o que me não cabe no coração nem na cabeça e, às vezes, penso como irão elas ler todas estas palavras, escritas tendo-as como pretexto e sujeito. Também é lá que, através das palavras tento aligeirar-me da canseira, do esgotamento em alguns momentos, da energia quebrada por quotidianos arrevesados, esgotantes, extenuantes.

Desculpem, lembrei-me disto a propósito da notícia que ouvi esta manhã sobre os registos de Kate McCann no seu diário. A investigação não está ainda concluída, os indícios são obscuros, mas as notícias não param de ser “fabricadas”. Outra vez esta obsessão quase mórbida pelos males do mundo e a vontade quase indómita de se fazer justiça fora das suas sedes.

Retomando o diário: parece que ela diz que está cansada, que para além da sua vida profissional ainda tem de se ocupar de três crianças pequenas e que o marido ajuda pouco. Pois é, a “dupla jornada” existe mesmo e, ao que parece, também entre pessoas das ditas classes privilegiadas.

Ouvindo essas notícias ao longo do dia, dei comigo a pensar: “será que o facto de também registar fadiga, também ser mãe e profissional, também ter dias em que me apetece não ter ninguém que dependa de mim, também escrever tudo isto no meu diário de mãe, faz de mim uma potencial infanticida?”

Julgo que não, e só quem não tem filhos ou, tendo-os, não se ocupa deles é que não sofre/compreende esse cansaço de que aqui falo e de que fala Kate McCann. Afinal, o mesmo que tantas tantas mães, e alguns pais, vivem.



Em fundo escutei Tears Transforming do Tord Gustavsen Trio, The Ground, ECM, 2004.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Dalai Lama, obviamente!

Cá estamos a associar-nos à proposta do Respirar... obviamente.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Viagens

Já era noite quando, ontem, saí de Lisboa. Havia alguma coisa de errado com o carro mas não percebi logo o que era. Afinal, não conseguia saber a velocidade a que circulava porque o painel de instrumentos não tinha iluminação. Foi então que dei por mim com dificuldade em conduzir nessas condições. Julgava dar pouca importância às informações desses instrumentos e pensei que muitas vezes temos que perder alguma coisa para realmente sentirmos a sua falta!
Felizmente os carros, pelo menos alguns, são como os computadores, basta desligar e voltar a ligar para que tudo volte a funcionar!
Infelizmente, também como nos computadores, não sabemos até quando!

Steve Biko

Foi há 30 anos na África do Sul. 11 de Setembro de 1977. Um outro triste 11 de Setembro.

Tristes, estes Setembros com pouca claridade.

Peter Gabriel cantou-o assim, e eu emociono-me de cada vez que o oiço:



Biko

September '77
Port Elizabeth weather fine
It was business as usual
In police room 619
Oh Biko, Biko, because Biko
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja
-The man is dead

When I try to sleep at night
I can only dream in red
The outside world is black and white
With only one colour dead
Oh Biko, Biko, because Biko
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja
-The man is dead

You can blow out a candle
But you can't blow out a fire
Once the flames begin to catch
The wind will blow it higher
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja
-The man is dead

And the eyes of the world are
watching now
watching now

domingo, 9 de setembro de 2007

Lagoa de Santo André



Esta manhã, bem cedo.

Silêncio

As palavras sobram. Acabou-se a conversa. Acabaram-se os temas de conversa e agora é o silêncio que nos cala e apela à revelação das promessas de um olhar.

Mergulhar por dentro do outro é soltar amarras de nós, deixando-nos levar por ventos que sopram mansos e trazem histórias de búzios e sereias.

É o desejo que nos cala porque o único murmúrio (com)sentido é o dos sentidos em vertiginosa urgência.

Tédio domingueiro

Experimentem, para os que se entediam como eu, pode ser que ajude. Cliquem aqui e nada de angústias perante a "folha" branca...

"Está a Internet a matar a nossa cultura?"

É o título da crónica de José Pacheco Pereira na edição do Público de ontem. Questionando as "vozes" que se levantam hipercríticas e "catastrofistas" contra o alargamento e os usos da Net, alerta simultaneamente para os riscos induzidos pela utilização acrítica deste novo suporte comunicativo. A ler para ajudar a reflectir.

Bom domingo, a quem passa

sábado, 8 de setembro de 2007

É esta a viagem (sem número, sem fim)

Volto já.
~CC~


Nota: esta fotografia, tal como a outra que aqui coloquei há uns dias faz parte de uma colectânea que corresponde ao desafio feito a uma série de fotógrafos para retratarem um dia em África. Todas elas estão assinadas, não obstante e com pena minha, essas assinaturas não se conseguirem visualizar bem.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O meu "cabalista" preferido


Sabia que seria em Setembro, soube em Julho que seria em Setembro, só não sabia quando. Passaria pelas livrarias para perguntar se já tinha sido. O quê? O lançamento do próximo romance de Richard Zimler. Há pouco encontrei aqui a data. Vamos lá?


Boa viagem...


... e volta cheia de histórias de terras quentes e boas!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O jantar

Decorreu sem cerimónias. Como se se tratasse, de facto, de um grupo de velhos e bons amigos. Um traço distintivo, no entanto, era uma amizade sem zangas, nem amuos e, talvez por isso, mais improvável.

Qual era, pois, o traço de união? Algumas afinidades - a música, o cinema, o teatro, a literatura, as viagens, alguns espaços. Como se fossem elas a eleger-nos, a escolher-nos, e não o contrário. Pontos de proximidade encontrados num mapa comummente traçado sem sabermos. Em diferido, em separado, sem intenção. Seguramente, também é destes "acasos" que se tece uma cultura.

Mas a afinidade maior, julgo, a vontade de descoberta do outro, dos outros. Essa aventura essencial, primordialmente humana.

Feliz descoberta, pois. Sem peso nem história, ou, talvez, com uma história por fazer. Uma afinidade só feita de um encontro de vontades.

Feliz descoberta que nos foi trazendo, a pouco e pouco, com pequenos passos, aquele "calorzinho" ameno e certo das coisas simples da vida, mesmo se vindas de gente complexa, de personalidades ricas, nas suas trajectórias, nas suas contradições, nas suas escolhas. Tão humanas, afinal.

Foi bom, pois. À suivre.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Guarda-rios e estuários (XIII)

Os estranhos ao nosso povo eram simplesmente os outros e os outros eram sem dúvida mais, muito mais que nós. Não havia, contudo, hostilidade para com eles, eram acolhidos e celebrados sem alarido. Alguns homens e mulheres Almar tinham trazido outros para dentro do nosso povo por laços de amor. Quando era muito pequena não percebia bem esta divisão entre nós e os outros. Descobri-a, talvez, com o primeiro amor.

Os meninos Almar eram feitos de bravura e generosidade, entravam dentro do rio para tentar apanhar os peixes com as suas próprias mãos e depois repartiam-nos entre eles, em festa. Aqueles eram os meninos que eu conhecia e por isso não compreendia aquele que se tinha cruzado no meu caminho, parecia filho do pó do vento, de tão louro e de tão calado que era.

O rapazinho seguia-me para todo o lado: na vila, pelos caminhos, e vinha mesmo até ao nosso lugar junto ao rio. Se eu parava e olhava para ele, ele parava também. Nenhum de nós dizia nada, ele seguia-me e era tudo o que acontecia entre nós.

Mas um dia ele ficou parado muito perto da minha tenda e a minha mãe descobriu-o enquanto estendia os tapetes a pingar tinta nas cordas presas entre as árvores. Perguntou se era colega da escola e disse que não, que não sabia quem era. Perguntou sobre as nossas conversas e brincadeiras e eu acenei a cabeça dizendo que nada, não havia nada. Ofereceu-lhe sumo de tangerina e bolo de milho e ele comeu sem dizer nada, os olhos fixos em mim. Quando ele se foi, ela disse-me: os teus amigos outros serão sempre bem acolhidos, mas feliz filha... isso só serás com um rapaz Almar. E nada proibiu, mas depois disso nunca mais parei no caminho a olhar para o rapazinho. E ele desapareceu.

Não sabia a minha mãe que os rapazes Almar iriam pouco a pouco extinguir-se como plantas sem terra e que a frase dela ficaria dentro de mim muito tempo como se fosse uma maldição. Procurei muito tempo esse rapaz Almar por aldeias, vilas, países e continentes. Se quiserem que diga como vocês diriam: procurei como uma vossa rapariga procura um princípe mais valente do que um touro ou um vosso rapaz procura uma princesa tão linda que ilumina o próprio escuro.

Agora já nada procuro, outros e nós já não existem e o amor é coisa que habita o sangue de um outro modo. Digo-te pois que se deixares o teu coração viajar liberto de maldade e de preconceito, poderás descobrir o que há para amar dentro de cada um que cruzar contigo o olhar num qualquer caminho.
~CC~

É esta a viagem.

Bom dia!
~CC~

Amolecimento

Foi há muitos anos que o li. Descreve as relações humanas de tal modo que, à medida que crescia e ecoavam na minha cabeça as suas palavras, me fui interrogando sobre a minha qualidade de ser humano. São assim os romances, povoam-nos a imaginação e fazem-nos desejar viver folhas de uma vida de papel.

A arrumar livros encontrei, dentro de "um" Eugénio de Andrade, um pedaço de papel onde tinha anotado várias citações de Os nós e os laços, de António Alçada Baptista. Retomo aqui uma delas à distância de 20 anos e actualizo-a num trabalho da Pública de domingo passado, intitulado Os portugueses estão mais deprimidos? (Texto de Inês Barros Baptista Fotografia de Nuno Ferreira Santos).

"Hoje...os angustiados vão aos neurologistas que lhes dão remédios para diluir a memória e com ela as razões próximas das angústias. Perdeu-se o frémito para as grandes causas mas também se perdeu o frémito para vibrar com grandes angústias. Fica uma amargura mansa, povoada de nostalgias brandas da felicidade, da alegria, dum empenhamento qualquer que valha a pena." in António Alçada Baptista, Os nós e os laços, p.112

Passarada!


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Preguiça


É sempre no fim das férias que me apercebo do quanto gozei de uma preguiça incorrigível durante, pelo menos, um mês inteirinho.

Difícil regresso a rotinas impostas de fora quando o de dentro ditou regras bem mais agradáveis. Até o cheiro da cidade se tornou diferente, até as ruas se enfeitaram de luz por baixo das minhas pestanas, até os jardins verdesceram debaixo dos nossos narizes e o Sol, esse, não nos desacompanhou de todo.

Agora, quase, quase de regresso vou fazendo aproximações virtuais. Uma espreitadela aqui uma anotação ali e, devagar, refaço o caminho de volta com jantares entre amigos redescobertas e leituras paralelas para não me deixar ir pelas obrigações, assim, de repente e sem remédio.


Café do Jardim do Príncipe Real

Olhar


Escrevi sobre ele num dia feliz. Costumo lá ir como quem vai a casa de um amigo. E está certo, como os amigos nos prendem à vida, os nossos poetas também se enleiam connosco nas horas mais amargas e mais doces e não nos abandonam mesmo quando a maré parece levar-nos para longe.

Agora, pela teia, cheguei a mais um lugar na rede e com ele a olhares sobre a natureza pendurados no museu que acho que é um bocadinho meu. Na impossibilidade de poder ir, queria que alguém fosse lá lavar os olhos em beleza por mim.


Um dia talvez...veremos o corpo nu da mulher sonhada pelo João em mil fotografias belas, mas eu prefiro pensar que ele sabe que todos os corpos amados são corpos nus que nos ficam nos dedos.

Tenho algumas fotografias assim, presas nos dedos de alguém e outras de alguém preso nos meus dedos.
~CC~

domingo, 2 de setembro de 2007

Mes(es)



Setembro é a terra ainda quente do Verão onde as sementes aguardam a água para poderem rasgar a sua casca e emergir para ver o sol. Mais tarde farei como as abelhas, beberei nas flores a luz como se ela fosse a esperança.
~CC~

A net tem destas coisas!

Exposição Retrospectiva de Ricardo Casimiro, Escultura cerâmica contemporânea
ESE de Setúbal - 14 a 25 de Maio de 2007

Quando vi, no átrio da escola, as peças de cerâmica de Ricardo Casimiro pensei tratar-se de uma oportunidade para tentar aprender um pouco mais sobre fotografia. O meu gosto pela fotografia é recente e os resultados nem sempre são famosos. No entanto, sempre que vejo alguma coisa, que considero realmente bela, começo a pensar que gostaria de ter a máquina à mão nesse momento...Foi o que aconteceu com as peças do Ricardo. Como neste caso a exposição ficou tempo suficiente, um dia levei a máquina para fotografar as peças que me fizeram lembrar uma personagem de um filme de ficção cientifica que vi há mais de 20 anos.

Não sei se esta "paixão" pela fotografia pode ser dissociada da possibilidade de, pouco tempo depois de fazer um clique, graças à Internet, podermos submeter o resultado à apreciação de outros amantes da fotografia e, assim, sentir-mo-nos parte de uma comunidade que partilha, pelo menos, um gosto connosco.

Qual não foi o meu espanto quando a foto acima, muito depois de ter sido disponibilizada, recebeu um comentário de alguém que dizia gostar da foto mas muito mais da obra fotografada uma vez que se tratava de uma peça sua! O autor encontrou a referência ao seu nome através de um motor de busca e assim a fotografia em causa num site, dedicado a fotografia, que nem conhecia. Assim, um pouco por acaso, graças à Internet encontrei o autor das peças de que gostei tanto e ele encontrou imagens do seu trabalho!

Muito haveria a dizer sobre encontros e desencontros através da Internet. Conheço pelo menos duas pessoas que encontraram os actuais companheiros algures nas teias da rede e, em ambos os casos, as relações, que parecem estar pelo menos tão bem que muitas nascidas nos bancos dos jardins públicos, das escolas, dos bares ou das discotecas, deram já frutos.

Confesso que, embora não me sinta ainda preparado para isso, o meu sonho enquanto fotógrafo (amador) de coisas belas seria o de fotografar o corpo de mulher. Na minha opinião é (e desculpa Casimiro) a melhor obra de arte jamais produzida e fotógrafos(as) como Amanda.com, por exemplo, conseguem captar toda essa beleza.

Quem sabe se não será também a Net a trazer-me um dia a modelo ideal.... Fico à espera, enquanto treino com monumentos, flores, janelas e peças de cerâmica!

Janela do lado...