quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Ainda a espera...ou não

Este ouvi-o muito na minha adolescência e para mim, soretudo o refrão, funcionava como alavanca para avançar. É cantado pela Simone (a brasileira) naquela voz grave e aveludada que a caracteriza. Digam-me se gostam e bom fim-de-semana.

Pra não dizer que não falei das flores
(Geraldo Vandré)
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Sabem onde é?

Alguém sabe onde foi tirada esta foto?

terça-feira, 28 de novembro de 2006

vida, que nos dás textos e pessoas...

Ouvi dizer que publicaste um novo livro ontem.
O teu êxito faz-me feliz.
És novo e vives da escrita, qualquer coisa tão difícil no Portugal de hoje.
E conjugas talento com disponibilidade e receptividade, como pude constantar no dia em que cá estiveste. Agradeço à vida que nos dá textos e pessoas destas.

"Começo o dia a nascer nas coisas e as coisas a nascerem um pouco também. Abro as janelas. Nos vasos, as flores erguem-se para melhor sentirem a luz fina que as cobre. Sobre a terra, rasante, avança o luminoso, como um praga que se estende e galopa, que avança como uma onda que não volta atrás. Aos poucos, começam gestos a surgir dos ramos suspensos das árvores. Atrás do muro caiado branco do nosso quintal, levantam-se oliveiras na lonjura.
José Luís Peixoto.
(Morreste-me)

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Cuidado, é frágil

Depressa percebi que a nossa ligação aos outros nos tornava de uma imensa fragilidade. Caminhei pelas filosofias orientais na busca da ausência de posse, achando que era ela que combinava com a palavra liberdade. Quando cheguei a este poema da Sophia tive em pleno a noção da tragédia que pode ser amar alguém pela eminência que pode ser perder esse alguém. Pensei que se não amasse podia ser realmente livre, realmente feliz, desejei-o do mesmo modo que desejei não ter nada. E descobri que afinal isso também podia ser o vazio. Voltei ao princípio, vivo em risco.

Meditação do Duque de Gandia sobre a morte de Isabel de Portugal

Nunca mais
a tua face será pura limpa e viva
nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos tecer
E nunca mais darei ao tempo a minha vida

Nunca mais servirei senhor que possa morrer
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tornando a tua mão na sua mão

Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre
Porque eu amei como se fossem eternos
a glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência
És um rosto fechado de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

Sophia de Mello Breyner Andersen

Não carregues!

domingo, 26 de novembro de 2006

Trajectórias interrompidas

Li hoje que 4 jornalistas portugueses, jovens e promissores tinham morrido algures no Chile. Depois segui alguns rastos, sobretudo da Maria José Margarido, e fui encontrando todos os sinais de mágoa, recusa da sua morte, indignações silenciosas e outras mais veementes e desesperadas. Pensei na injustiça das mortes prematuras, mas num dos rastos encontrados (http://respirar o mesmoar.blogspot.com), li que era ali que ela gostava de estar, ali no Mundo do fim do mundo que Luís Sepúlveda nos descreveu , li que era ali que ela não se importaria de ficar. Perante isto pensei que importância poderia ter a dor dos vivos se ela tinha morrido feliz...

Voltar....

Voltei a ver Voltar e...
Voltei a gostar!

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Si c'était à recommencer

Não me orgulho de tudo o que tenho feito, mas também me arrependo de pouco (ou nada... a não ser, talvez, ter formatado o computador da CC)! Sei que muitas vezes as escolhas que fazemos não são as melhores (o computador não foi uma escolha... foi um engano!), mas... penso que mesmos os erros que cometemos nos ajudam a crescer (será mesmo assim amiga psicóloga?) e por isso também eles têm a sua importância.

Uma das minhas musicas preferidas, cantadas pelo Serge Réggiani, fala disso. Admiro quem vive bem com o que é e não culpa terceiros pelo rumo da sua vida! Gostava, daqui a muitos anos, poder cantar como Réggiani (principalmente a parte a negrito!):

Si c'était à recommencer

Si c'était à recommencer
Si je devais refaire ma vie
Je voudrais naître en Italie
Au mois de mai
Je voudrais être ce gamin
Qui courait pieds nus au soleil
Parmi les chèvres et les abeilles
Ne changez rien

Si c'était à recommencer
Dans un monde à feu et à sang
Je voudrais être l'émigrant
Que j'ai été
J'aim'rais repasser la frontière
Et sans capuche ni manteau
Redébarquer à Yvetot
Un soir d'hiver

Si c'était à recommencer
J'aim'rais un jour avoir vingt ans
Etre con et perdre mon temps
Dans les cafés
J'aimerais traîner mes illusions
Dans des décors de cinéma
Même s'il faut avoir l'estomac
Dans les talons

Si c'était à recommencer
J'aim'rais revoir tous mes amis
Même celui qui m'a trahi
C'est oublié
Je voudrais revivre ces heures
D'espérance et de désespoir
Ces nuits blanches et ces matins noirs
Un vrai bonheur

Si c'était à recommencer
J'aim'rais aimer les mêmes femmes
Je ne veux pas saouler mon âme
D'autres baisers
Je voudrais qu'il ne manque pas
Une larme, une déchirure
Au revers de mes aventures
Mea culpa

Si c'était à recommencer
J'aim'rais habiter le Midi
Y passer dix ans de ma vie
A tes côtés
Je voudrais avoir cinq enfants
Pas un de plus, pas un de moins
Et les revoir tous un à un
Prendre le vent

Si c'était à recommencer
Je suivrais le même chemin
Je manquerais les mêmes trains
Sans un regret
Je voudrais ne rien effacer
De mes joies, de mes solitudes
Qu'on n'oublie pas une virgule

A mon passé...

Letra de Sylvain Lebel

A verdade é que também admiro quem consegue, num poema, contar toda uma vida!

Nós na garganta

Os meus amigos sabem porque tenho andado arredada. Agora é a minha vez e eles sabem porquê. O cara-metade, como o João gosta de dizer, regressou 45 dias depois do atropelamento que poderia ter-lhe tirado a vida. Regressou há 5 dias e só hoje conseguiu romper o silêncio e desfazer os nós da garganta. Hoje conseguiu dizer o que tinha sentido ao cair numa rua de Paris após o choque do automóvel, cujo condutor fugiu: "pensei que seria muito estúpido morrer numa passadeira". E afinal o que nos resta? Viver cada pedacinho de vida como se fosse o último. Em Trás-os-Montes na Estefanilha ou em qualquer lugar do Universo.

Assim, neste bocadinho roubados aos meus doentes, aqui vos deixo com outro dos meus poetas de sempre.

As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade
Vês João, porque é que eu teria muita dificuldade em responder áquela tua pergunta sobre os filmes e outras fontes de inspiração e iluminação...?

Trás-os-Montes....

O Cara-Metade da 3za esteve em T-o-M e tirou umas fotos lindas! Vale a pena espreitar lá no tempo de teia da 3za.

Obrigado pela partilha!

Que saudades de T-o-M!.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Bom tempo

(...)
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
Um pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Ando cansado da lida
Preocupada, corrida, surrada, batida
Dos dias meus
Mas uma vez na vida
Eu vou viver a vida
Que eu pedi a Deus

Bom tempo - Chico Buarque

O que somos, queremos ser, seremos e nunca o seremos

Compreendo tanto o Fernando...tenho o sentido da unidade de mim alicerçado em meia duzia de valores e numa dada visão do mundo mas queria ser e fazer tantas coisas diferentes que não me chega esta vida ou o que ela me permite fazer...o que me cansa é sentir e pensar e querer ser tanta coisa e não dar sossego a mim própria, talvez eu esteja assim nas antípodas dos meus companheiros ou do que eles me dão a conhecer deles...

Leiam este homem...eu (também) queria fazer o que ele faz...

Nas montanhas mandara

"A aldeia seguinte tem uma novidade: estamos já na Nigéria. Atravessamos a fronteira, depois de passar aquela ávore-avisa Mafa. Se quiséssemos explicar África pelos factos, pelas estatísticas, pelos mapas, teríamos agora mudado de nação, de língua oficial, de moeda, de indicadores económicos. Na realidade continuamos exactamente no mesmo universo cultural, na mesma área étnica, na mesma religião animista, no mesmo subdesenvolvimento, onde nos encontrávamos há vinte passos atrás. A fronteira entre os Camarões e a Nigéria é mais uma dessas anomalias herdadas da colonização de África pela Europa. A linha de fronteira entre os dois países divide 14 áreas étnico-culturais. Ao longo do continente africano, as linhas de fronteira europeias dividem cerca de 177."
Gonçalo Cadilhe (Jornal Expresso nº 1776, 11 Novembro 2006).

Ontem estive no Bairro da Bela Vista, onde as fronteiras são também estranhas...

E para completar...o Fernando por ele próprio:

Sonho sem fim nem fundo
Durmo, fruste e infecundo
Deus dorme, e é isso o mundo.

(Fernando Pessoa, poesias inéditas)

CC

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Os cansaços de todos nós...

Para os meus amigos que às vezes se sentem cansados...

O que há em mim é sobretudo cansaço
Álvaro de Campos
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

domingo, 19 de novembro de 2006

A passos de caranguejo

Acabei de ler um livro a passo de carangejo. Por coincidência o livro chama-se também "A passos de caranguejo" e o autor, Günter Grass, define a expressão como sendo a necessidade de se darem alguns passos atrás para depois seguir em frente imitando o modo de andar dos caranguejos. Confesso que, por ler pouco nestes dias, algumas vezes tive que reler as últimas páginas já lidas antes de poder continuar...
A história do livro fala de um navio alemão , "KdF Wilhelm Gustloff", afundado por um submarino soviético em 1945, com mais de 10 000 pessoas a bordo das quais cerca de 9000 não sobreviveram (6 vezes mais que no desastre do Titanic). Para a contar o autor utiliza um narrador, nascido no meio da tragédia, que terá que nos situar, por diversas vezes, contando pormenores que nos ajudam a compreender o afundamento. À mistura descobrimos traços da personalidade de vários intervenientes. Do narrador, da sua mãe, do seu filho, de Wilhelm Gustloff , que deu nome ao navio, mas também de David Frankfurter que assassinou Gustloff , e de Alexander Marinesco, capitão que comandava o submarino russo que lançou os três tropedos.

Um livro, muito bem escrito e editado em Portugal pela Editorial Notícias, para ler a passos de caranguejo ou todo de seguida....

sábado, 18 de novembro de 2006

Estou de volta!

O ProfMat 2006 acabou e eu estou de volta. Foi uma experiência cansativa, mas muito, muito positiva. Agora vou ver com atenção tudo o que por aqui tem sido escrito!

A beleza

Li ontem que uma modelo brasileira tinha morrido de anorexia. Talvez em busca de uma suposta beleza que lhe disseram ser única. Talvez porque crendo-se diáfana se convenceu que seria mais bela. Talvez tanta coisa...mas lembrei-me destes versos lindos que Mercedes Sosa canta no seu disco Al Despertar. Talvez a modelo não os conhecesse.

La Belleza
Cuando la belleza pase
Sera bella tu mirada
Sera bella tu sonrisa
Y las noches seran claras
Cuando la belleza pase
Cada beso y cada abrazo
Sera un grito de belleza
Seras bella en mi conciencia
Oh mi amor! oh mi amor!Oh mi amor!Oh mi amor!
Cuando la belleza pase
No habra mas que lunas nuevas
Y en un circulo de estrellas
Brillaras con luz eterna
Cuando la belleza pase
Te dare lo que me queda
Cuando la belleza pase
Cuando la belleza pase...
Quizas no nos demos cuenta
Cuando la belleza pase...
Quizas no nos demos cuenta
Oh mi amor
Seras bella por dentro
Bella en el alma
Y en el fondo de mi corazon
Mercedes Sosa

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Que rebanhos guardam os meus amigos?

Sou um guardador de rebanhos
Alberto Caeiro
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.

Para além da espera(nça)

Este é só para aminha amiga que acorda com a chuva a escorrer-lhe pelos olhos. Eu até estou em crer que o que está húmido é o olhar, mas não é de chuva...

Como Dizia o Poeta
by Vinicius de Moraes / Toquinho
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão

espera(anças)

Hoje acordei com lágrimas...provavelmente choveu demais ontem, ou são restos que ficaram dos meus banhos de verão, deve ser qualquer coisa para a qual existe uma explicação...de momento não encontro a fórmula resolvente, mas acho que também tem sal.
Como os poetas sabem tudo e há sempre gente à espera, deixo o poema da mulher que me compreende quando converso com ela.

ESPERO
Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.
Sophia de Mello Breyner


CC

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Contradições e hesitações

Decididamente este blog está a transformar-se num banco de poesia. Andei por aqui a rebuscar nas minhas pastas e apeteceu-me oferecer-vos este. É daquele bendito uruguaio chamado Benedetti. Vejam lá se não é lindo e riam se puderem...

Viceversa
Tengo miedo de verte
necesidad de verte
esperanza de verte
desazones de verte.
Tengo ganas de hallarte
preocupación de hallarte
certidumbre de hallarte
pobres dudas de hallarte.
Tengo urgencia de oírte
alegría de oírte
buena suerte de oírte
y temores de oírte.
o sea,
resumiendo
estoy jodido
y radiante
quizá más lo primero
que lo segundo
y también
viceversa.
Boa noite por essas bandas mais a sul.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

...e os outros,

os que escrevem estas palavras, também devem valer a pena. Não sei se apanham conchas mas apanharam a luz nalgum recanto do Universo e transformaram-na em palavras. Para vocês e até amanhã.

Canção Da América
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de 7 chaves,
Dentro do coração,
assim falava a canção que na América ouvi,
mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,
mas quem ficou, no pensamento voou,
o seu canto que o outro lembrou
E quem voou no pensamento ficou,
uma lembrança que o outro cantou.
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito,
mesmo que o tempo e a distância digam não,
mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Seja o que vier,
venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto pra te encontrar
Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar.
by Fernando Brant e Milton Nascimento
CGS

Os homens que apanham conchas...

O mundo pode dividir-se em dois: os homens que apanham conchas e os que não as apanham nem nunca apanharam. Os que as apanham são estranhamente poucos. Não sei porque não o fazem, se por vergonha, se por indiferença, se por terem aprendido em algum lugar oculto que os homens não o devem fazer. Eu deixo-me comover por estas pequenas coisas, são elas que me transportam a lugares que têm mais luz, cada vez mais luz ou outra luz. E aprendi que a luz é qualquer coisa que nos pode iluminar sem nos cegar.
Quando forem à praia olhem e reparem em quem apanha conchas, pode estar aí o segredo do universo.
(mas não façam perguntas indiscretas...fiquem só a contemplar, podem aliás fazer como eu...eu parece que nem estou a ver!)
CC

PS- JV, tu apanhas conhas? Com os teus filhos ou sem eles?

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Ces gens-là

(...)
Parfois quand on se voit
Semblant que c'est pas exprès
Avec ses yeux mouillants
Elle dit qu'elle partira
Elle dit qu'elle me suivra
Alors pour un instant
Pour un instant seulement
Alors moi je la crois Monsieur
Pour un instant
Pour un instant seulement
Parce que chez ces gens-là
Monsieur on ne s'en va pas
On ne s'en va pas Monsieur
On ne s'en va pas
Mais il est tard Monsieur
Il faut que je rentre chez moi.

Jacques Brel

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

"A Lei da Mochila"

Olá parceira, não, hoje não foi nenhuma coincidência estranha, é mesmo o dia-a-dia das nossas crianças - o transporte da mochila. Em 1999, fui ao Brasil onde conheci um deputado estadual do PT, de seu nome Carlos Minc, que tinha vindo a Portugal em 74 "fazer a revolução" e por cá tinha ficado uns tempos a conviver com uma certa esquerda (MES e afins) e a aprender(?)como fazer o mesmo por Terras de Vera Cruz. Depois, acho que se cansou desta pasmaceira e voou para sítios mais quentes e mais rebolados. Mas, em 1999, era um activo deputado sempre a pugnar pelas causas ecologistas e a lutar ao lado das minorias. Bom, mas porque é que te estou a falar disto, porque nessa altura a sua luta, entre outras, passava por fazer passar a Lei da Mochila. Hoje, nove anos depois, fui ver o que teria acontecido à dita Lei. Faz parte das não cumpridas mas pode ser que queiras inspirar-te para as nossas escolas de cá.

Bom fim-de-semana

Parabéns



Desculpem parceiros de "ninguém lê" mas se os amigos dos nossos amigos são nossos amigos também, tenho de dar os parabéns a uma destas duas meninas...adoro as duas, mas é a maior que faz anos! Parabéns!

A mochila da minha filha e a minha...

Eu não tinha mochila e só usava um caderno para tudo...quanto aos livros, não quero falar nisso mas garanto que eles não me pesavam. Ouvi dizer que recentemente passou um programa de televisão em que pesavam as mochilas dos infantes e das infantas e que o peso podia chegar aos 7 Kg (imaginem um saco supermercado com sete pacotes de acuçar...)! Não vi o programa porque só vejo televisão quando me dizem que há qualquer coisa que não posso perder(não sei porque é que me dizem isto tão pouco...), quando decido espreitar as novelas que a minha filha vê (tenho de perceber como a Língua Portuguesa muda...) ou quando me sinto na obrigação de ver o telejornal para me situar no mundo (mas não me situo, depois tenho que ir ler umas coisas para entender, calculo que porque na televisão eles dizem tudo muito depressa e as imagem distraem). Não sei quantos quilos pesa a mochila da minha filha mas são de certeza mais do que as costas de uma pré-adolescente(é assim que ela se chama a si própria) pode suportar. Que fazer? Dizem que isto se resolve facilmente com uns cacifos mas eu não sei...e mudando a escola não dá? Pois, acho que isto de mudar a escola é uma conversa que começa no dia em que a escola começou...amanhã é fim de semana...a mochila fica em casa, ela pode andar direita.
CC

...e por falar em saudade...

"E por falar em saudade, onde anda você?" (Vinícios de Moraes) não, hoje não era para ser este poeta, mas como sei que os meus companheiros andam muito atarefados e arredios aqui vos deixo um poema para vos acompanhar no fim-de-semana.

Rabo de Nube
by Silvio Rodriguez


Si me dijeran pide un deseo,
Preferiría un rabo de nube,
Un torbellino en el suelo
Y una gran ira que sube.
Un barredor de tristezas,
Un aguacero en venganza
Que cuando escampe parezca
Nuestra esperanza.

Si me dijeran pide un deseo,
Preferiría un rabo de nube,
Que se llevara lo feo
Y nos dejara el querube.
Un barredor de tristezas,
Un aguacero en venganza
Que cuando escampe parezca
Nuestra esperanza

Bons desejos

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Sempre que oiço o Chico...

Sempre que o oiço cantar, fico convencida de que é possível amar (quase) eternamente. Que piroseira, dirão alguns, que fora de moda, dirão outros, tão pouco post-moderno, soarão ainda outros. É verdade, pode ser tudo isto mas quando olho para trás, leio as letras veja aqui e oiço das primeiras às últimas canções, reforço esta minha convicção. Encontro palavras que ilustraram tantos e tão diferentes momentos da minha vida (estou certa que aconteceu o mesmo com muitas outras gentes), tantos e tão diferentes amores e desamores, encontros e desencontros. E sempre a mesma voz, forte, iluminada, sempre a mesma luz que sai daquele corpo franzino, que é pó das estrelas, de certeza. Ontem, no Coliseu foi assim. Pelo menos, para mim, foi assim. Por isso é que digo que é possível amar (quase) eternamente, porque aquilo que os poetas fazem é escrever o amor eterno(amente).

sabedoria

Chegam muitas...destas...mas há umas que valem realmente a pena!

O GOOGLE é que sabe
1 - Vai ao Google: http://www.google.pt
2 - Digita: político honesto
3 - Clica em "Sinto-me com sorte" e não em pesquisa Google"
4 - lê o resultado...

Obrigada ao Carlos da Escola de Lisboa...pagava para tu nasceres se fosse preciso, mas como a tua mãe foi generosa, agradeço-lhe a tua existência e a forma como alegras os nossos dias com estas pequenas (grandes coisas).
beijinhos
CC

domingo, 5 de novembro de 2006

Anacronismos ou nem tanto

Ouvi hoje a sentença proferida contra Sadam Hussein. Chocou-me a notícia, ainda assim a pena de morte deixou de fazer parte das práticas do grande mundo ocidental e "civilizado" e a morte por enforcamento trouxe-me reminiscências inquisitoriais. Depois, parei para pensar melhor quando ouvi as reacções dos EUA - aplauso sobre a decisão dos tribunais iraquianos - cínico aplauso sem dúvida por parte de quem apoiou o regime de Sadam durante tanto tempo; da nossa vizinha Espanha ouvi a cautela de Zapatero - reservas sobre a prática da pena de morte -. Reprovamos o veredicto da pena capital proferido contra um facínora assassino, mas já contemporizamos de modo mais indiferente (ou será mais anestesiado) com as práticas quotidianas das guerras que ainda existem por esse mundo fora, com os genocídios ainda perpetrados contra milhares de inocentes... Há uns anos ouvi Ricardo Petrella (economista italiano) citar uma frase, cujo autor ele não se lembrava mas que, dizia era frequentemente utilizada pela sua mulher. A frase era "nada do que é humano me espanta". Desde aí, sempre que me encontro sem códigos para entender algumas situações recorro a esta frase. Hoje não sei de que lado devo colocá-la.

sábado, 4 de novembro de 2006

Plus bleu que tes yeux

Há algum tempo alguém me perguntou qual seria o filme da minha vida. E o livro? Confesso que não tinha uma única resposta para dar. No entanto se fosse a minha canção preferida penso que não hesitaria e diria “Plus bleu que tes yeux” interpretado por Piaf e Aznavour!



sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Contar letras....

Conte os "F" no texto abaixo....

FINISHED FILES ARE THE RE
SULT OF YEARS OF SCIENTI
FIC STUDY COMBINED WITH
THE EXPERIENCE OF YEARS...

Depois confira no comentário se acertou.... Bom, abra uma excepção e neste caso pode ler (para facilitar a contagem, claro!)

Eu, bandeiras e fronteiras

Pois...eu sou a rapariga da bandeira que está entre duas pessoas sérias e bem postas! Não acredito muito em bandeiras e muito menos em fronteiras...pergunto-me aliás quanto vale uma bandeira, quanto vale uma fronteira? O que defendemos, o que limitamos, de quê e de quem nos defendemos? Quanto vale um país? Naquele tempo, em pleno fervor futebolístico, as bandeiras enchiam as mãos e as janelas e os carros e...estas coisas assim primitivas, lugares quase irracionais... fazem-me pensar...como e porquê em tempos que são outros afinal globais, descontextualizados e absurdamente uniformes...
Mas o que me traz aqui é a também a fronteira, a minha própria fronteira, isto é, a que eu tracei...e que desfiz hoje com este "post"...para mim os blogues eram qualquer coisa que eu olhava, via, lia...mas não me pensava dentro deles mas sempre fora deles. Hoje passei uma fronteira, confesso que...com um certo receio!
Não sei se volto...
Mas a companhia é tão boa...
E afinal ninguém lê!
CC

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Um modelo bonito ajuda mas.... sempre se podem dar uns retoques!

"Ítaca"

ÍTACA (1911)
"Cuando salgas en el viaje, hacia Ítaca
desea que el camino sea largo,pleno de aventuras, pleno de conocimientos.
A los Lestrigones y a los Cíclopes, al irritado Poseidón no temas,
tales cosas en tu ruta nunca hallarás,
si elevado se mantiene tu pensamiento,
si una selecta emoción tu espíritu y tu cuerpo embarga.
A los Lestrigones y a los Cíclopes, y al feroz Poseidón no encontrarás,
si dentro de tu alma no los llevas, si tu alma no los yergue delante de ti.
Desea que el camino sea largo.
Que sean muchas las mañanas estivales en que con cuánta dicha,
con cuánta alegría entres a puertos nunca vistos: detente en mercados fenicios, y adquiere las bellas mercancías, ámbares y ébanos, marfiles y corales,y perfumes voluptuosos de toda clase, cuanto más abundantes puedas perfumes voluptuosos;
anda a muchas ciudades Egipcias a aprender y aprender de los sabios.
Siempre en tu pensamiento ten a Ítaca.
Llegar hasta allí es tu destino.
Pero no apures tu viaje en absoluto.
Mejor que muchos años dure: y viejo ya ancles en la isla, rico con cuanto ganaste en el camino,
sin esperar que riquezas te dé Ítaca.
Ítaca te dio el bello viaje.
Sin ella no hubieras salido al camino.
Otras cosas no tiene ya que darte.
Y si pobre la encuentras, Ítaca no te ha engañado.
Sabio así como llegaste a ser, con experiencia tanta, ya habrás comprendido las Ítacas qué es lo que significan."

Esta é uma tradução em castelhano. Eu prefiro a portuguesa feita pelo Jorge de Sena, mas por razões técnicas não consegui transpô-la para aqui.

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Déclaration

Je déclare l'état de bonheur permanent
Sans que ce soit des mots avec de la musique,
Sans attendre que viennent les temps messianiques,
Sans que ce soit voté dans aucun parlement.

Je dis que, désormais, nous serons responsables.
Nous ne rendrons de compte à personne et à rien
Et nous transformerons le hasard en destin,
Seuls à bord et sans maître et sans dieu et sans diable.

Georges Moustaki : Déclaration

Partilhar com a mãe

Ontem à noite, véspera de feriado, perguntei às minhas filhas como gostariam de passar o dia, depois de várias possibilidades, ir à praia comer bolas de Berlim e ver as gaivotas e o mar (rejeitada porque o tempo já não permite tomar banho), ir a Grândola a casa de uma amiga (rejeitada porque nos levantámos tarde e as viagens são boas quando feitas de manhãzinha, a cheirar o orvalho) ou ficar por casa a flanner (rejeitada porque deveríamos aproveitar o bom tempo para sair) decidimo-nos por uma quarta - ir comer um pastel de Belém depois do pequeno almoço, ver uma exposição no CCB e ir almoçar pizzas à beira rio. Quanto ao almoço a mais velha, de 9 anos, ofereceu-se para pagar com o dinheiro do seu mealheiro. Não achei mal, não porque ache que os adultos devam explorar os mealheiros dos infantes, neste caso infanta, mas porque tenho feito finca-pé, desde muito cedo, para que elas aprendam a partilhar e a assumir responsabilidades. Lá fomos, gozar esta luz magnífica que Lisboa tem, ouvir as gaivotas que sobrevoam o rio e saborear a presença umas das outras, que é coisa para que nem sempre temos tempo.

Para a Rússia por amor....

"Da Rússia com amor", foi o filme da noite no domingo passado na RTP1. Já tinha visto, mas não pude deixar de ir dando umas espreitadelas para a televisão. Um bancário solitário (Ben Chaplin) utiliza a Internet e em particular os serviços de uma empresa de encontros ("From Russia With Love") para encontrar uma noiva vinda da Rússia. A principio as dificuldades inesperadas de comunicação são compensadas pela sensualidade de Nadia (Nicole Kidman), mas tudo se complica com a chegada dos seus primos.
O filme tem um fim inesperado -pelo menos para mim- com o nosso bancário a revelar uma coragem que, no início, ninguém lhe atribuiria...
Não me refiro apenas à coragem para enfrentar os primos de Nadia, mas, sobretudo, à coragem de partir "Para a Rússia por amor"!